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Blogue essencialmente de poesia, alguma prosa e outras informações de carácter geral sobre o Alentejo e seus artistas
quarta-feira, 20 de julho de 2016
EQUIVALÊNCIAS
domingo, 17 de julho de 2016
VERSOS DE 11 SÍLABAS
NÃO FAZ MAL SABER...
Os poemas de 11 sílabas, têm uma particularidade: soam-nos num ritmo cantante. Vejam por exemplo muitos do poeta Guerra Junqueiro. E estou a recordar-me do REGRESSO AO LAR.Comprovem, por ele, essa toada tão bonita!
Regresso ao Lar
(poema de 11 sílabas)
Ai, há quantos anos que eu parti chorando
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...
Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida
canta-me cantigas de me adormentar!...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida
canta-me cantigas de me adormentar!...
Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...
Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...
Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...
Canta-me cantigas manso, muito manso...
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!
Guerra Junqueiro, in 'Os Simples'
Ora, muitas vezes, um poema de 11 sílabas, consegue-se a partir de um de 5. (E inversamente, se quisermos colocar este de 11, de Guerra Junqueiro, todo a 5 sílabas, basta fazermos as separações, como mostro facilmente:
Ai, há quantos anos
que eu parti chorando
deste meu saudoso,
carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?...
Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama,
que me estás fitando,
canta-me cantigas
para me eu lembrar!... )
que eu parti chorando
deste meu saudoso,
carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?...
Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama,
que me estás fitando,
canta-me cantigas
para me eu lembrar!... )
etc...)
Dir-me-ão: mas 5+5 são 10...
De facto são, mas com a junção dá as 11.
Claro que dependerá sempre de como termina o primeiro verso de 5. Mas muitas vezes consegue formar-se um de 11, juntando os dois de 5.
De facto são, mas com a junção dá as 11.
Claro que dependerá sempre de como termina o primeiro verso de 5. Mas muitas vezes consegue formar-se um de 11, juntando os dois de 5.
Vejam este meu, de 5, a formar mais abaixo um de 11. (É óbvio que, como são quintilhas, o último verso de cada estrofe vai permanecer com 5).
UM SEGREDO
(poema de 5 sílabas)
Lá no fim da praia
Deixei um segredo...
Fiquei de atalaia
À onda que espraia
E vai ao rochedo.
Deixei um segredo...
Fiquei de atalaia
À onda que espraia
E vai ao rochedo.
As ondas em espuma
Morriam na praia;
Lentas, uma a uma,
Suaves, nenhuma
era doutra laia.
Morriam na praia;
Lentas, uma a uma,
Suaves, nenhuma
era doutra laia.
E o meu segredo
Dormia em cambraia
Por trás do rochedo,
Sozinho, sem medo,
Escondido na praia...
Dormia em cambraia
Por trás do rochedo,
Sozinho, sem medo,
Escondido na praia...
Não contei às ondas
O segredo meu;
Não sabiam sondas
Nem luas redondas
Nem estrelas do céu;
O segredo meu;
Não sabiam sondas
Nem luas redondas
Nem estrelas do céu;
Assim confiante
Sorri, vim embora;
Da praia distante
Por todo o instante
Recordo essa hora:
Sorri, vim embora;
Da praia distante
Por todo o instante
Recordo essa hora:
Uma enorme vaga
Por não lho contar,
Rompeu aziaga
Com ares de saga
Do fundo do mar!
Por não lho contar,
Rompeu aziaga
Com ares de saga
Do fundo do mar!
Ruiu o rochedo
Na fúria da onda;
Não sei se em degredo
Estará meu segredo
- Não há quem responda...
Na fúria da onda;
Não sei se em degredo
Estará meu segredo
- Não há quem responda...
Talvez sucumbisse
No acto-surpresa...
Talvez emergisse
Voasse, subisse
Mas é incerteza...
No acto-surpresa...
Talvez emergisse
Voasse, subisse
Mas é incerteza...
Na praia deserta
Às vezes caminho...
Vou à descoberta
Que o local liberta
De ti um carinho.
Às vezes caminho...
Vou à descoberta
Que o local liberta
De ti um carinho.
Joaquim Sustelo
Agora mudando para 11 sílabas:
UM SEGREDO
Lá no fim da praia deixei um segredo...
Fiquei de atalaia à onda que espraia
E vai ao rochedo.
As ondas em espuma morriam na praia;
Lentas, uma a uma, suaves, nenhuma
era doutra laia.
Lentas, uma a uma, suaves, nenhuma
era doutra laia.
E o meu segredo dormia em cambraia
Por trás do rochedo, sozinho, sem medo,
Escondido na praia...
Por trás do rochedo, sozinho, sem medo,
Escondido na praia...
Não contei às ondas o segredo meu;
Não sabiam sondas nem luas redondas
Nem estrelas do céu;
Não sabiam sondas nem luas redondas
Nem estrelas do céu;
Assim confiante, sorri, vim embora;
Da praia distante por todo o instante
Recordo essa hora:
Da praia distante por todo o instante
Recordo essa hora:
Uma enorme vaga por não lho contar,
Rompeu aziaga com ares de saga
Do fundo do mar!
Ruiu o rochedo na fúria da onda;
Não sei se em degredo estará meu segredo
- Não há quem responda...
Não sei se em degredo estará meu segredo
- Não há quem responda...
Talvez sucumbisse no acto-surpresa...
Talvez emergisse voasse, subisse
Mas é incerteza...
Talvez emergisse voasse, subisse
Mas é incerteza...
Na praia deserta às vezes caminho...
Vou à descoberta que o local liberta
De ti um carinho.
Vou à descoberta que o local liberta
De ti um carinho.
Joaquim Sustelo
sábado, 16 de julho de 2016
SOZINHO NO MONTE
Cada dia mais,
Eu vos quero, Amor!
Não sei onde estais
Encantada Flor.
Sozinho no Monte
Alta madrugada
Vou junto à fonte
Por ambos amada.
Ali te encontrei
Um dia à tardinha
Feliz te admirei
Bonita andorinha.
Depois, meu azar…
Perdi-te, um dia!
Resta-me lembrar
Quão feliz vivia.
Jamais te esqueço
Seja onde for!
Por ti hoje peço
Meu único Amor.
JGRBranquinho - “Little White”
sexta-feira, 8 de julho de 2016
ADORA CANTAR
ADORA CANTAR
Alentejano alegre
Ele gosta de cantar!
Nascido em Portalegre
Destinado a ensinar!
Ele gosta de cantar!
Nascido em Portalegre
Destinado a ensinar!
Foi professor afamado
Ele é um homem contente
Faz poemas, canta o fado,
Sua voz é comovente!
Ele é um homem contente
Faz poemas, canta o fado,
Sua voz é comovente!
Sportinguista natural
A SALA VIP nos deu!
Sporting Clube de Portugal
O clube que o convenceu!
A SALA VIP nos deu!
Sporting Clube de Portugal
O clube que o convenceu!
Declama e diz poemas
É o nosso orientador!
Para nos mudar os temas
Põe a cantar, um tenor!
É o nosso orientador!
Para nos mudar os temas
Põe a cantar, um tenor!
Sorteia-nos livros seus,
Dá-nos dos seus chocolates!
É poeta crente em Deus
Adora vencer combates!
Dá-nos dos seus chocolates!
É poeta crente em Deus
Adora vencer combates!
É nosso amigo a estimar
Quer mostrar a sua voz:
Dizer, cantar, declamar,
Mais que cada um de nós!
Quer mostrar a sua voz:
Dizer, cantar, declamar,
Mais que cada um de nós!
Bento Tiago Laneiro
De Vila Nova de S. Bento,
Amadora, 2016/ 06/ 23.
De Vila Nova de S. Bento,
Amadora, 2016/ 06/ 23.
quarta-feira, 6 de julho de 2016
À MINHA PORTALEGRE
Minha terra, minha
terra
Longe de ti… infeliz!
Só o bem que em ti se
encerra
Me tornaria feliz.
Hei de voltar, vou
voltar
Procurando o teu
abrigo.
Dia a dia hei de
cantar
Longe de todo o
perigo.
Belas noites, belos
dias
Eu vivi em teu regaço!
Tantas, tantas
alegrias
Envolvido em teu
abraço.
Quantas vezes te
recordo
Aqui na grande cidade!
Cada dia eu acordo
Com redobrada saudade.
Quero voltar, vou
voltar
Ao torrão em que
nasci.
Hei de rir, hei de
cantar
Sem mais razões pra
chorar
Como aqui longe de
ti.
Revisto em 5 de julho
de 2016
JGRBranquinho - “Zé
do Monte”
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