RELEMBRANDO A ÉPOCA DE NATAL
Estávamos na distante época de quarenta. Vivia eu com meus pais na minha Ribeira
de Nisa, lugar do Monte Carvalho, concelho de Portalegre, nas encostas da Serra
de S. Mamede.
Tinham terminado as aulas do primeiro período, começavam as primeiras e sempre
agradáveis férias do ano letivo
Estava já próximo o NATAL e as famílias começavam já a prepará-lo, cada uma à sua maneira, de
acordo, também, com as suas posses, mas sempre imbuídas do mesmo espírito
cristão, celebrando o nascimento do MENINO JESUS- o NOSSO SALVADOR- na altura
um pouco diferente, tendo um caráter bem mais religioso.
A noite de NATAL era o ponto alto da festividade, com a presença de toda
a família, na Ceia cuidadosamente preparada pelas mães, onde não faltavam o
bacalhau com couve e batata ou a alhada de cação e, como doces, as tradicionais
rabanadas, filhós, azevias e sonhos e, à meia-noite, a célebre Missa do Galo,
onde quase todos iam.
Quanto às crianças, ficavam ávidas
a aguardar as prendas na manhã do dia 25, crendo terem sido deixadas durante a
noite, no sapatinho, à lareira, pelo Menino Jesus.
Era assim, na verdade, a Festa de Natal naquele tempo, na minha aldeia. Claro
que, poderão dizer-me, que, felizmente, ainda agora será um pouco assim em
algumas terras do interior do nosso País, mas à época a vida era muito
diferente, como nós (os mais velhos) sabemos, sendo esta a maior de todas
durante o ano, a de mais significado.
Lembro-me bem (e sempre saudoso) desse tempo de ouro da minha vida, junto
dos meus familiares e, igualmente, dos amigos de infância, especialmente por
dispor agora duma maior proximidade com os que, não estudando, pouco convivia,
excetuando os fins de semana, quando eu voltava da cidade para a minha casa na aldeia.
Logo de manhã corríamos para o largo do Monte- ainda de terra batida- e
ali, então, divertíamo-nos a valer, brincando e/ou participando nos
tradicionais jogos, com relevo, naturalmente, para o futebol.
Eis como eu recordo outros tempos, aqueles que tive a felicidade de viver
no meu Monte Carvalho na década de quarenta, em plena época de Natal.
Será um pouco de saudosismo, sim, mas quem não tem como melhor tempo da
sua vida, os anos de infância e juventude?!
NOTA:- Escrito na minha casa em Monte Carvalho - outono de 2017.
JGRBranquinho - “Zé do Monte”
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