sábado, 23 de dezembro de 2017

RELEMBRANDO A ÉPOCA DE NATAL

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RELEMBRANDO A ÉPOCA DE NATAL

Estávamos na década distante de quarenta. Vivia eu com meus pais na minha Ribeira de Nisa, lugar do Monte Carvalho, nas encostas da Serra de S. Mamede, concelho da muito querida cidade de Portalegre.
Tinham terminado as aulas do primeiro período, começavam as primeiras e sempre agradáveis férias do ano letivo.
Estava já próximo o NATAL e as famílias começavam já a prepará-lo, cada uma à sua maneira, de acordo, também, com as suas posses, sempre imbuídas do mesmo espírito cristão, com um mais acentuado caráter de religiosidade, celebrando o nascimento do MENINO JESUS- NOSSO SALVADOR.
A noite de NATAL era o ponto alto da festividade, com a presença de toda a família, na Ceia cuidadosamente preparada pelas mães, (com a colaboração  dos pais nalguns casos) e onde não faltavam o bacalhau com couve e batata ou a alhada de cação com o bom vinho tinto ou branco das adegas que ali tínhamos. Como doces, as tradicionais fatias douradas-também designadas por rabanadas- filhós, azevias e fritos de "mogango". À meia-noite, a célebre Missa do Galo, na Ireja de N. Senhora da Esperança (junta ao cemitério) a poucas centenas de metros do largo do Monte onde, com fé, quase todos iam.
 Quanto às crianças, ficavam ávidas e inquietas a aguardar as prendas na manhã do dia 25, acreditando terem sido deixadas durante a noite, no sapatinho, à lareira, pelo Menino Jesus.
Era assim, na verdade, a Festa de Natal naquele tempo, na minha aldeia. Claro que, poderão dizer-me, que, felizmente, ainda agora será um pouco assim em algumas terras do interior do nosso País, mas, à época, a vida era muito diferente, como nós (os mais velhos) bem sabemos, sendo esta a mais importante do ano, a de maior significado, tanto para os mais novos como até para os mais idosos, a quem se devia muito por não deixarem morrer esta e outras importantes tradições, herdadas e religiosamente respeitadas, dos antepassados.
Lembro-me bem (e sempre saudoso) desse tempo de ouro da minha vida, junto dos meus familiares e, igualmente, dos amigos de infância, especialmente por poder dispor agora duma maior proximidade com os que, não estudando, eu pouco convivia, excetuando os fins-de -semana, quando voltava da cidade para a minha casa paterna.
Logo pela manhã corríamos contentes para o largo do Monte- ainda de terra batida- e ali, então, divertíamo-nos a valer, mostrando as prendas que mais nos tinham agradado,  brincando e/ou participando nos tradicionais jogos, com relevo, naturalmente, para o futebol.
" ALGUNS JOGOS TRADICIONAIS":-"pião", "macaca", "eixo", "inteira" "semana", "berlinde","lenço", "fincão","apanhada", "escondidas" "cinco cantinhos" "galo", "dominó",  "cartas", etc..
À noite, a hora de recolher a casa, não nos deixava muita margem e lá íamos direitinhos à lareira acolhedora onde já se preparava o jantarinho.
Recordo, também, que em certas noites, andávamos erradamente  à procura dos morcegos:- " morcego, morcego, vem à cana que tem sebo", Felizmente quase sempre sem êxito.
Na ribeira, também tínhamos uma boa oportunidade de brincar:-  pescando, e no verão, também nadando nos seus pegos.
Eis como eu recordo outros tempos, aqueles que tive a felicidade de viver no meu Monte Carvalho na década de quarenta, em plena época de Natal.
Será um pouco de saudosismo, sim, mas quem não tem como melhor tempo da sua vida, os anos de infância e juventude?!
O meu lamento sincero se alguns o não podem recordar assim.
Termino com os desejos de que um FELIZ NATAL SEJA A PORTA QUE SE ABRA A UM NOVO ANO QUE EM TUDO EXCEDA AS V/ MELHORES EXPETATIVAS.
" mogango":- uma variedade de abóbora.
NOTA:- Escrito na minha casa do Monte Carvalho.
JGRBranquinho  -  “Zé do Monte”





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