SOB ATAQUE
Um míssil corta o ar. Como sorrir?
Como saudar o sol num dia assim,
Como parar para pensar em mim,
Como saber se vai haver porvir?
*
É disparada a bomba. Se eu fingir
Que nem sequer a vi - mas vi-a, sim!-
Talvez a minha paz não chegue ao fim...
(dirão alguns, porque eu não sei mentir)
*
Da minha grande, imensa pequenez,
Assaltam-me as perguntas que talvez
Também te tenhas feito neste dia.
*
Olho através de um denso nevoeiro
E, nada vendo, vejo o mundo inteiro
Mergulhado na dor de outra agonia.
Maria João Brito de Sousa