quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

ENCONTRO OUTONAL


ENCONTRO OUTONAL
Era uma menina fisicamente muito prendada, ainda de tranças! 
Conheci-a, tinha treze anos; eu, quinze.
(Mais tarde, no meio em que vivíamos, foi apelidada de “beleza sadia” tal a sua elegância e simpatia e seus modos distintos sem afetação.)
Não fomos apresentados. Apresentámo-nos a nós mesmos, num cumprimento breve, associado a um sorriso simultâneo.
Foram instantes de agradável surpresa, num lugar sossegado da Natureza/Mãe, por volta das sete da tarde, em pleno outono, uns dias antes da abertura das aulas.
Nunca nos tínhamos visto, até por ela não ser dali.
 Quem era? De onde seria?
 Por que estava ali naquela tarde?
Que motivos a teriam trazido ali?
Em minha mente surgiram estas e outras interrogações e, aos poucos, com o decorrer da conversa, lá fui sabendo alguma coisa, inclusive, que estava ali com o propósito de continuar os estudos, após concluída a 4.ª classe, já há três anos! 
Verdadeiramente entusiasmado com a sua beleza e com as descobertas que estava a fazer a cada momento, nem dava pela passagem do tempo!
Começava a escurecer e como a casa para onde ela se dirigia ainda ficava algo distante, prontifiquei-me a acompanhá-la se a isso se não opusesse. Entretanto, chegou uma prima e lá nos despedimos, então já com algumas pistas sobre a sua vida e a sua relação com a família desta prima.
Verdadeiramente inquieto e apaixonado, esperei-a no dia seguinte e, sem ter podido falar-lhe, resolvi escrever-lhe.
Aguardei alguns dias que pareciam não ter fim!
Finalmente, pela mesma mensageira da minha missiva, chegou a tão desejada resposta, que abri num misto de receio e esperança.
Li e reli, louco de contentamento, sentindo-me o mais feliz dos mortais. Pudera! Se logo à primeira vista o senti, como não reagir assim após a leitura da aceitação do namoro?!
Namorámos durante cerca de três anos. Amámo-nos verdadeiramente, até que começaram a surgir algumas contrariedades com origem, especialmente, em familiares (e, quem sabe se por força do destino) e as coisas foram-se tornando insuportáveis até, também, por algumas loucuras da juventude. Enfim, o namoro terminou e cada um foi à sua vida.
( Dispenso-me de referir epísódios deste namoro, pois já os referi em outros escritos já publicados.)
Ficámos amigos. Muito mais tarde encontrámo-nos, relembrámos situações vividas e ainda hoje somos bons amigos.
Tinha que ser assim? Não poderíamos ter feito algo mais?
Faltou-nos a coragem?
A verdade é que éramos muito jovens, com os estudos por terminar e sem meios que nos permitissem tomar uma decisão definitiva a nosso favor.
Ficou uma boa recordação dum encontro juvenil entre dois seres bem formados, que muito se amaram, respeitaram e continuam amigos.

JGRBranquinho 




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