Ouvi, um
dia,
não crer em
Deus!
Blasfemavam, até!
Incrédulos, de pasmar!
Riam-se dos
que iam à Igreja, especialmente os homens,
confessando o seu ateísmo.
Um desses homens, um dia, por
azar, adoeceu gravemente.
A doença
prolongou-se por muitos meses e, no nosso meio, pensava-se o pior, até pela circunstância de ter uma prole enorme, ainda muito jovem.
Já profundamente
desanimado, pediu aos cristãos da aldeia que rezassem por ele.
Disseram-lhe
que também ele deveria procurar Deus.
(Interrogava-se
a si mesmo como faria isso, se Deus sabia da sua incredulidade, logo aqui dando
provas de não ser assim tão descrente…)
Então, os
seus vizinhos crentes- incluindo os meus pais- tomaram a decisão de lhe pedirem
que os autorizasse a reunirem-se à noite, em sua casa, a fim de, por meio da
oração, procurarem, em conjunto, auxílio de Deus.
Eu era
muito jovem ainda, e não posso dizer com exatidão, por quanto tempo se
prolongaram essas reuniões.Sei que o nosso homem melhorou,voltando ao
trabalho de canastreiro, falecendo volvidos
muitos anos, já de idade muito avançada.
Dirão alguns (os que não têm fé) que não acreditam que fosse pelo poder da oração que o homem se converteu e se curou.
Estão no seu direito, claro.
Eu sou crente desde muito novo e estou infinitamente grato a Deus, por nunca ter perdido a minha fé, orando e confiando no SEU AMOR.
Enquanto aqui vivi, lidei de perto com
os 5 filhos deste senhor; fui especialmente amigo do António- o mais velho, que, mais tarde,
deixou o ofício do pai - canastreiro- decidindo ir estudar em colégios da Igreja Adventista no nosso País e na Suíça.
Igreja que, aliás, existe já há muitos anos na minha Ribeira de Nisa, realizando um louvável
trabalho de assistência social na comunidade, organizando, inclusive, encontros de jovens, que assim melhor desenvolvem as suas capacidades, em récitas partilhadas com os da Igreja de Portalegre, a que assistem, com muito agrado, familiares e amigos, todos irmanados num verdadeiro espírito cristão.
(Existem algumas diferenças entre esta Igreja e a Católica, entre as quais avulta a da guarda do sábado como dia de descanso-Dia do Senhor- e não o domingo.
Vivi e participei, na minha juventude, em muitas destas atividades, de que, confesso, sinto hoje muita saudade,
pois, na altura, década de quarenta, não havia no lugar, sequer, um radiozinho, muito menos televisão, que só surgiria em 1957! De vez em quando, para animar, lá havia um outro bailarico, muito apreciado, como é de calcular, especialmente pelos jovens.
Eram tempos difíceis, em que o pouco que nos dessem, (não sendo nós muito exigentes devido ao meio em que vivíamos, longe das grandes urbes) já representava algo de bom.
Outros tempos, sim, os da minha infância e juventude, mas que nunca mais esquecerei.
Monte
Carvalho, setembro de 2016
JGRBranquinho