segunda-feira, 19 de setembro de 2016

SOBRE A MINHA TERRA (CONSIDERAÇÕES)


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Aqui, neste lugar amado- MONTE CARVALHO- onde nasci e vivi na companhia abençoada de meus familiares e amigos, até meados da década de cinquenta, sinto-me, hoje, quase como um estranho entre os atuais habitantes- gente que vinda de outras terras, entretanto para aqui se mudou.
Isto para além dos que nasceram e cresceram após eu ter fixado residência em Lisboa, e só aqui voltar de tempos a tempos (quase só em férias) por razões da minha atividade profissional naquela cidade, onde trabalhava como docente. 
Ainda mais com esta agravante de (lei da vida) com o decorrer dos anos, muitos terem falecido ou, até, como eu (findos os estudos) terem saído para outras paragens, no desempenho de novas atividades mercê dos seus conhecimentos escolares e outros, entretanto adquiridos, procurando assim melhores condições de vida, fora desta minha querida freguesia de RIBEIRA DE NISA.
Claro está que nem todos partiram, especialmente os mais velhos, com menos alternativas de encontrar trabalho, como os agricultores, canastreiros, pedreiros, serradores, carpinteiros, sapateiros e barbeiros, que aqui iam permanecendo e governando-se razoavelmente.
Os problemas começaram, então, aos poucos, a surgir, com este êxodo para outras terras, mormente para as cidades. 
O trabalho aqui  no campo começava, tristemente, a ser descurado!
Num caso, a princípio, até nem era quase notado, dado que havia duas grandes fábricas em Portalegre- lanifícios e cortiça (onde muitos jovens e/ou de meia/idade encontravam trabalho) mas que, volvidos anos, foram admitindo menos pessoal, até ao seu trágico encerramento, causando enorme desconforto na população, inclusive na da própria cidade, que também muito se ressentiu, como ainda hoje se constata para mal do desenvolvimento de toda esta região. 
Então, pelas chamadas leis do mercado, por compromissos assumidos  (ou impostos?) internacionalmente, e que diziam vir em nosso auxílio, as coisas foram tomando o caminho que nos tornou dependentes dos designados países amigos, com convenções que só a eles favorecem.
As pessoas adquiriram outros hábitos de vida e muito poucas voltaram ao trabalho campestre, que, embora duro- é verdade- sempre deu os seus frutos aos que o souberam e quiseram realizar.
Claro que os sítios aqui são os mesmos, conservando, inclusive, os nomes ancestrais que um dia lhes foram atribuídos pelos nossos antepassados, embora, quanto às habitações, em alguns casos, por evidente mau gosto, certas se tenham vindo a descaracterizar. 
Enfim, outros interesses, outras erradas decisões sem a devida preservação dum agradabilíssimo ambiente, que fazia da minha aldeia um lugar diferente, perfeitamente casado com a NATUREZA/MÃE- FONTE DE VIDA- com as terras agrícolas a serem cuidadas com todo o saber e carinho, por homens e mulheres ajudados pelos mais jovens (frequentando ou não as escolas)enfim, produzindo incomparavelmente mais que nos tristes dias de hoje, pois, na maioria das vezes esses terrenos agrícolas foram deixados ao pastoreio de alguma vaca, cabra ou ovelha, em número também muito reduzido, ou deixadas completamente ao abandono!
(Lembro-me, revoltado, das proibições relativamente à vinha, ao olival à seara e à produção de leite).
Como foi possível isto?! Por que não foi encontrada até hoje uma solução que traga, de novo, os homens à terra, cuidando dela?!
Na Natureza podia ser encontrada ainda uma outra fonte de ,riqueza, para além da que se procura por outros meios. É uma pena, até porque as Escolas Agrícolas ainda continuam no nosso País e a nossa juventude poderia aprender ali, inclusive, novas técnicas de cultivo, acompanhadas do saber ancestral que os mais velhos ainda poderiam completar a bem do desenvolvimento do nosso País. Para além do mais, a vida no campo tem outro encanto e é reconhecida como mais saudável.
Uma pergunta:- Acham normal que sejam os estrangeiros a vir comprar as nossas terras e aqui venham a desenvolver a sua atividade?!
Quanto aos compromissos com a dita União Europeia, há de haver forma de os resolver, pois não faz nenhum sentido que nos privem de trabalharmos o que é nosso! Que cada um cuide do que é seu e se façam as trocas normais entre o que uns e outros têm. É assim tão difícil?!
Julgo que não.

Monte Carvalho, setembro de 2016
JGRBranquinho





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