quinta-feira, 17 de novembro de 2016

ERA AINDA PEQUENINO ( CANÇÕES)

     CANÇÃO

Era ainda pequenino
   "     "             "
Acabado de nascer
       "        "       "   .
Inda mal abria os olhos
   "     "      "      "     "
Já era para te ver
Acabado de nascer
       "        "      "    .

E quando eu já for velhinho
 "      "        "  "   "        "
Acabado de morrer
       "        "       "      .
Olha bem para os meus olhos
    "      "       "    "      "       "
Sem vida inda te hão de  ver
Acabado de morrer
       "        "       "                  .

Quinta da Piedade, 17 de novembro de 2016

(Autor desconhecido)

domingo, 13 de novembro de 2016

RECORDANDO




  RECORDANDO
Recordando o meu passado mais longínquo- aquele que aqui vivi na infância, juventude e adolescência- veem-me à memória episódios de grande significado, de tal forma que não mais os vou esquecer.
Era um tempo muito diferente do que o que estamos a viver, e de que só mais tarde, por comparação, verifiquei como, a pouco e pouco, a vida se modificou no País, especialmente para mim no sítio onde vivi até cerca dos vinte anos, altura em que, mercê da ida para a vida militar,  como miliciano, fui para Lisboa. Calculem quão forte foi a transição, saindo do interior norte alentejano, embora já tivesse estado por períodos breves, na capital, em casa de uns tios meus.
Hoje refiro, apenas ao de leve, esta ida para Lisboa, pois quero antes falar de algumas alterações que se foram verificando aqui no meu sítio, desde os meus verdes anos.
Tínhamos o largo da aldeia livre para as nossas brincadeiras, sem automóveis nem motos; apenas algumas bicicletas utilizadas por alguns homens que se deslocavam para as fábricas “ROBINSON” e “LANIFÍCIOS” em Portalegre, pois a maioria ia a pé, quer pelas veredas da Serra, quer pela velha estrada, onde o trânsito era essencialmente formado por carroças, alguns trens e animais de sela.
Muitas crianças andavam descalças e até alguns homens e mulheres, mesmo no trabalho!
Existia aqui uma pequena indústria:- a dos cabazes de madeira de castanho, feitos pelos canastreiros no rés-do-chão das suas casas- mas muito importante na economia local, a par da agricultura, que constituíam o sustento de famílias inteiras, algumas até com muitos filhos.
Daqui saíam, por ano, milhares de cabazes especialmente com destino a Lisboa e Porto para o Mercado Abastecedor de Frutas e Doca Pesca, pois havia, também a sua utilização imprescindível nestes meios rurais, ao serviço da agricultura e transporte dos géneros para mercados e feiras, desconhecidos como eram, ao tempo, as caixas de pinho e de plástico.
(Muito haveria a dizer sobre estas duas principais atividades, mas deixarei para um próximo apontamento).
Existiam, duas casas de comércio (taberna, mercearia e salsicharia) cuja utilidade facilmente se pode calcular, até como único ponto de encontro dos homens, que ali tratavam, também, dos seus negócios.
As idas a Portalegre, Castelo de Vide e Elvas, eram as mais comuns, mas...de carroça, essencialmente, nos dias de mercado ou feiras.
Tínhamos duas escolas:- a dos rapazes e a das raparigas, que por muitos anos assim funcionaram; só muito mais tarde, na década de setenta- após o Vinte e Cinco de Abril- teve início a escola única para os dois géneros.
O nosso recreio (e onde passávamos a maior parte do tempo extra- escola, quer dando largas à nossa imaginação, quer praticando os jogos tradicionais) era o grande largo da aldeia de Monte Carvalho, freguesia da Ribeira de Nisa onde nasci e vivi até cerca dos vinte anos.
Havia o salão onde frequentemente se realizavam festas, especialmente bailaricos, embora também ali tivéssemos tido um Teatro Amador com atores jovens só da terra- onde também participei-  e que foi um verdadeiro sucesso na altura, realizando bastantes espetáculos sob a direção de um jovem de Lisboa- o Roque- filho de um casal que ao reformar-se aqui se fixou. Além das pessoas da aldeia, vieram muitas da cidade e de outras freguesias, presenciar as nossas atuações.
A Festa Anual da freguesia era e é em honra de Nossa Senhora da Esperança, no último domingo de agosto, com missa e procissão junto à Igreja e, a parte pagã, com a velhinha e tradicional “quermesse”, barraca das farturas- aqui designada por massa frita- bailaricos acompanhados, por bons acordeonistas e mais recentemente com atuação de conjuntos musicais, a célebre tourada “à vara larga” e ainda alguns jogos tradicionais (onde também participavam adultos) a terem lugar no belo largo do Monte Carvalho.
É por esta altura- aliás, como noutros lugares do país- que ainda hoje muitos voltam à terra, visitando familiares ou alguns, vindo para suas próprias casas que vão restaurando e aqui mantêm.
Há mais animação, há mais vida na freguesia, por esta altura, num matar de saudades dos bons velhos tempos, que se espera e deseja possa perdurar.
FESTA É FESTA! VIVA A FESTA!

Monte Carvalho, 3 de janeiro de 2014
JGRBranquinho



sábado, 12 de novembro de 2016

FINAL DE UM DIA DE JANEIRO-- Soneto




            FINAL DE UM DIA DE JANEIRO

Arrefece o dia, é chegada a noite!
É tempo de inverno, membros a tiritar.
Procura a ave, lugar onde se acoite
Todos procurando seu abrigo, seu lar.

Trabalham à luz do sol, durante o dia
Cuidam dos filhos e de si, sem paragem!
Vê-los, em seu labor, é nossa alegria
Trazem mais vida, essas vidas, à paisagem.

Finda a jornada, saudoso, volto p’ra casa.
Recolho-me breve; foi meu voo de asa!
Corro p'ra minha lareira já crepitante.

Sento-me ao seu redor, desfruto seu calor!
Imagino comigo meu qu'rido Amor!
Meu coração se reconforta cada instante.

 JGRBranquinho







sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A FORÇA DA RAZÃO ou a razão da força?


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 A FORÇA DA RAZÃO ou a razão da força?!
Embora haja pessoas que dizem concordar que é a primeira que tem razão de ser (melhor dizendo, os bem formados) o certo é que a segunda ainda vinga em muitas situações da nossa sociedade, infelizmente.
Gente sem escrúpulos- que até se diz contra as ditaduras- infringe constantemente- ao sabor dos seus próprios interesses- o princípio do respeito que é devido aos cidadãos honestos, àqueles a quem na maioria das vezes devem tudo ou quase tudo o que são.
Impõem a sua força desprezando os direitos dos mais fracos, dos mais desprotegidos, não tendo consciência do mal que praticam, desvirtuando o pensamento de Nietzsche- filósofo alemão- alterando o “de” para  o “do:- “força de poder” e não “força do poder”,  sendo que é esta a  que lhes dá todas as vantagens.
Até familiarmente isso se verifica com maus tratos a quem os criou e tudo fez para que nada lhes faltasse, agravado ainda por eles  se terem privado de certas e até naturais regalias durante a vida, preocupados com o presente e o futuro dos seus filhos e netos.
Afinal, para quê? Valerá a pena esta preocupação pelo bem- estar dos descendentes, cuidando-os ainda melhor do que lhes fizeram a si mesmos em outra época?
Dirão que - felizmente - há ainda alguns casos em que os laços de família se mantêm e existe essa ligação afetiva, tratando os ascendentes com o amor e o respeito devidos e não serei eu que o nego, congratulando-me com isso, como é evidente, como é normal.
O meu alerta sentido e preocupado é para todos os que têm a missão de criar e educar. Que se cuidem e procurem defender-se, avaliando bem as situações, pois o mais provável é desiludirem-se num futuro mais ou menos próximo.
Dirão que estou a ser pessimista, mas a verdade é que, também realista, perante tantos e tantos casos conhecidos no nosso dia a dia.
Haverá muitos que saibam avaliar o que custa a criação e a educação dum filho?
Quantas noites mal dormidas, quantos dias de inquietação na procura da superação das dificuldades surgidas, no sentido único de proporcionar as melhores condições possíveis, muitas vezes, sabe Deus, com que sacrifícios!
É um dever dos progenitores, sim, mas que nunca será devidamente avaliado, muito menos, recompensado!
Em casos mais graves- até conhecidos de muitos de nós - a infâmia criminosa de maus tratos, sem o mais pequeno respeito, sem o carinho e o amor que são devidos a quem os amou e ama, perdoando, até ao limite das suas capacidades, as ofensas sofridas, vezes sem conta.
Depois… as desculpas mais descabidas, mais sem sentido, como se todo o mal de que se queixam, viesse dos pobres velhos ou estes para isso contribuíssem alguma vez.
Ao mais pequeno entrave surgido, (devido à idade avançada das pessoas) lá surge como recurso o Lar de Idosos, ainda um mal menor, comparado com os maus tratos sofridos em casa.
Meu Deus! Quanta injustiça! Se isto acontece em família como não há de acontecer no respeito dos governos para com os idosos?
Para que serviram os descontos que fizeram na perspetiva de uma velhice tranquila, se agora lhes retiram o que lhes é devido?
Mas que fazer, para além de protestar?! De que lhes serve ?! Qual a sua força ou capacidade reivindicativa? Quem os defende ou deveria defender? Mas, atenção!... Também esses responsáveis lá chegarão um dia, embora lhes pareça algo distante no tempo.
É um direito, sim - está expresso na lei- que têm os que sempre trabalharam e descontaram e é crime sem perdão serem-lhes negados esses legítimos direitos, com outra agravante, que é:- o de dessas parcas pensões, num tempo em que mercê da idade, mais precisam- ainda terem que (mais uma vez) acudir aos familiares em dificuldades, devido a erradas políticas, seguidas durante muitos anos.
Os agora chamados seniores, já perto do final de suas vidas, têm de suportar tudo isto?!
É triste, muito triste!
Até quando? São o lado mais fraco e merecem que urgentemente os governantes mudem este estado de coisas, em favor duma maior dignidade humana, há muito aguardada e imprescindível, para todos sermos nesta Terra, mais felizes.

 5 de Fevereiro de 2014
José Garção Ribeiro Branquinho



quarta-feira, 2 de novembro de 2016

APARIÇÃO

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Um sentimento de alegria infinda
Invadiu, certo dia, meu pobre ser.
Foi no momento em que te pude ver,
Quando me surgiu tua imagem linda.

Foi ali- à Quinta- perto da tua casa,
Quando nos cruzámos a vez primeira.
Vinhas de luto, andorinha ligeira…
Ali, nesse dia, o meu golpe de asa.

Vi-te, encantei-me em teu lindo rosto!
Nessa tarde outonal, quase sol-posto,
Falei-te nervosamente, loucamente!

Sorriste, baixaste teus bonitos olhos
Num gesto que aliviou meus escolhos!
Senti que te não era indiferente.

Monte Carvalho, outubro de 2016

JGRBranquinho   - “Zé do Monte”