Blogue essencialmente de poesia, alguma prosa e outras informações de carácter geral sobre o Alentejo e seus artistas
terça-feira, 22 de novembro de 2016
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
ERA AINDA PEQUENINO ( CANÇÕES)
CANÇÃO
Era ainda pequenino
" " "
Acabado de nascer
" " " .
Inda mal abria os olhos
" " " " "
Já era para te ver
Acabado de nascer
" " " .
E quando eu já for velhinho
" " " " " "
Acabado de morrer
" " " .
Olha bem para os meus olhos
" " " " " "
Sem vida inda te hão de ver
Acabado de morrer
" " " .
Quinta da Piedade, 17 de novembro de 2016
(Autor desconhecido)
Era ainda pequenino
" " "
Acabado de nascer
" " " .
Inda mal abria os olhos
" " " " "
Já era para te ver
Acabado de nascer
" " " .
E quando eu já for velhinho
" " " " " "
Acabado de morrer
" " " .
Olha bem para os meus olhos
" " " " " "
Sem vida inda te hão de ver
Acabado de morrer
" " " .
Quinta da Piedade, 17 de novembro de 2016
(Autor desconhecido)
domingo, 13 de novembro de 2016
RECORDANDO
RECORDANDO
Recordando o meu
passado mais longínquo- aquele que aqui vivi na infância, juventude e
adolescência- veem-me à memória episódios de grande significado, de tal forma
que não mais os vou esquecer.
Era um tempo muito
diferente do que o que estamos a viver, e de que só mais tarde, por comparação,
verifiquei como, a pouco e pouco, a vida se modificou no País, especialmente
para mim no sítio onde vivi até cerca dos vinte anos, altura em que, mercê da
ida para a vida militar, como miliciano, fui para Lisboa. Calculem
quão forte foi a transição, saindo do interior norte alentejano, embora já
tivesse estado por períodos breves, na capital, em casa de uns tios meus.
Hoje refiro, apenas ao
de leve, esta ida para Lisboa, pois quero antes falar de algumas alterações que
se foram verificando aqui no meu sítio, desde os meus verdes anos.
Tínhamos o largo da
aldeia livre para as nossas brincadeiras, sem automóveis nem motos; apenas
algumas bicicletas utilizadas por alguns homens que se deslocavam para as
fábricas “ROBINSON” e “LANIFÍCIOS” em Portalegre, pois a maioria ia a pé, quer
pelas veredas da Serra, quer pela velha estrada, onde o trânsito era
essencialmente formado por carroças, alguns trens e animais de sela.
Muitas crianças
andavam descalças e até alguns homens e mulheres, mesmo no trabalho!
Existia aqui uma
pequena indústria:- a dos cabazes de madeira de castanho, feitos pelos
canastreiros no rés-do-chão das suas casas- mas muito importante na economia
local, a par da agricultura, que constituíam o sustento de famílias inteiras,
algumas até com muitos filhos.
Daqui saíam, por ano,
milhares de cabazes especialmente com destino a Lisboa e Porto para o Mercado
Abastecedor de Frutas e Doca Pesca, pois havia, também a sua utilização
imprescindível nestes meios rurais, ao serviço da agricultura e transporte dos
géneros para mercados e feiras, desconhecidos como eram, ao tempo, as caixas de
pinho e de plástico.
(Muito haveria a dizer
sobre estas duas principais atividades, mas deixarei para um próximo
apontamento).
Existiam, duas casas
de comércio (taberna, mercearia e salsicharia) cuja utilidade facilmente se
pode calcular, até como único ponto de encontro dos homens, que ali tratavam,
também, dos seus negócios.
As idas a Portalegre,
Castelo de Vide e Elvas, eram as mais comuns, mas...de carroça, essencialmente,
nos dias de mercado ou feiras.
Tínhamos duas
escolas:- a dos rapazes e a das raparigas, que por muitos anos assim
funcionaram; só muito mais tarde, na década de setenta- após o Vinte e Cinco de
Abril- teve início a escola única para os dois géneros.
O nosso recreio (e
onde passávamos a maior parte do tempo extra- escola, quer dando largas à nossa
imaginação, quer praticando os jogos tradicionais) era o grande largo da aldeia
de Monte Carvalho, freguesia da Ribeira de Nisa onde nasci e vivi até cerca dos
vinte anos.
Havia o salão onde
frequentemente se realizavam festas, especialmente bailaricos, embora também
ali tivéssemos tido um Teatro Amador com atores jovens só da terra- onde também
participei- e que foi um verdadeiro sucesso na altura, realizando
bastantes espetáculos sob a direção de um jovem de Lisboa- o Roque- filho de um
casal que ao reformar-se aqui se fixou. Além das pessoas da aldeia, vieram
muitas da cidade e de outras freguesias, presenciar as nossas atuações.
A Festa Anual da freguesia
era e é em honra de Nossa Senhora da Esperança, no último domingo de agosto,
com missa e procissão junto à Igreja e, a parte pagã, com a velhinha e
tradicional “quermesse”, barraca das farturas- aqui designada por massa frita- bailaricos
acompanhados, por bons acordeonistas e mais recentemente com atuação de conjuntos
musicais, a célebre tourada “à vara larga” e ainda alguns jogos tradicionais (onde
também participavam adultos) a terem lugar no belo largo do Monte Carvalho.
É por esta altura-
aliás, como noutros lugares do país- que ainda hoje muitos voltam à terra,
visitando familiares ou alguns, vindo para suas próprias casas que vão
restaurando e aqui mantêm.
Há mais animação, há
mais vida na freguesia, por esta altura, num matar de saudades dos bons velhos
tempos, que se espera e deseja possa perdurar.
FESTA É FESTA! VIVA A
FESTA!
Monte Carvalho, 3 de janeiro de 2014
JGRBranquinho
sábado, 12 de novembro de 2016
FINAL DE UM DIA DE JANEIRO-- Soneto
FINAL
DE UM DIA DE JANEIRO
Arrefece o dia, é chegada a noite!
É tempo de inverno, membros a tiritar.
Todos procurando seu abrigo, seu
lar.
Trabalham à luz do sol, durante o
dia
Cuidam dos filhos e de si, sem
paragem!
Vê-los, em seu labor, é nossa
alegria
Trazem mais vida, essas vidas, à
paisagem.
Finda a jornada, saudoso, volto p’ra
casa.
Recolho-me breve; foi meu voo de asa!
Corro p'ra minha lareira já crepitante.
Recolho-me breve; foi meu voo de asa!
Corro p'ra minha lareira já crepitante.
Sento-me ao seu redor, desfruto seu
calor!
Imagino comigo meu qu'rido Amor!
Meu coração se reconforta cada instante.
Meu coração se reconforta cada instante.
JGRBranquinho
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
A FORÇA DA RAZÃO ou a razão da força?
A FORÇA DA RAZÃO ou a razão da
força?!
Embora haja pessoas que dizem concordar
que é a primeira que tem razão de ser (melhor dizendo, os bem formados) o certo
é que a segunda ainda vinga em muitas situações da nossa sociedade, infelizmente.
Gente sem escrúpulos- que até se diz
contra as ditaduras- infringe constantemente- ao sabor dos seus próprios
interesses- o princípio do respeito que é devido aos cidadãos honestos, àqueles
a quem na maioria das vezes devem tudo ou quase tudo o que são.
Impõem a sua força desprezando os
direitos dos mais fracos, dos mais desprotegidos, não tendo consciência do mal
que praticam, desvirtuando o pensamento de Nietzsche- filósofo alemão-
alterando o “de” para o “do:- “força de poder” e não “força do
poder”, sendo que é esta a que lhes dá todas as
vantagens.
Até familiarmente isso se verifica com
maus tratos a quem os criou e tudo fez para que nada lhes faltasse, agravado
ainda por eles se terem privado de certas e até naturais regalias durante a vida, preocupados com o presente e o
futuro dos seus filhos e netos.
Afinal, para quê? Valerá a pena esta
preocupação pelo bem- estar dos descendentes, cuidando-os ainda melhor do que
lhes fizeram a si mesmos em outra época?
Dirão que - felizmente - há ainda alguns
casos em que os laços de família se mantêm e existe essa ligação afetiva,
tratando os ascendentes com o amor e o respeito devidos e não serei eu que o
nego, congratulando-me com isso, como é evidente, como é normal.
O meu alerta sentido e preocupado é para
todos os que têm a missão de criar e educar. Que se cuidem e procurem
defender-se, avaliando bem as situações, pois o mais provável é desiludirem-se
num futuro mais ou menos próximo.
Dirão que estou a ser pessimista, mas a
verdade é que, também realista, perante tantos e tantos casos conhecidos no nosso dia a
dia.
Haverá muitos que saibam avaliar o que
custa a criação e a educação dum filho?
Quantas noites mal dormidas, quantos
dias de inquietação na procura da superação das dificuldades surgidas, no sentido
único de proporcionar as melhores condições possíveis, muitas vezes, sabe Deus, com que
sacrifícios!
É um dever dos progenitores, sim, mas
que nunca será devidamente avaliado, muito menos, recompensado!
Em casos mais graves- até conhecidos de
muitos de nós - a infâmia criminosa de maus tratos, sem o mais pequeno respeito,
sem o carinho e o amor que são devidos a quem os amou e ama, perdoando, até ao
limite das suas capacidades, as ofensas sofridas, vezes sem conta.
Depois… as desculpas mais descabidas,
mais sem sentido, como se todo o mal de que se queixam, viesse dos pobres
velhos ou estes para isso contribuíssem alguma vez.
Ao mais pequeno entrave surgido, (devido
à idade avançada das pessoas) lá surge como recurso o Lar de Idosos, ainda um
mal menor, comparado com os maus tratos sofridos em casa.
Meu Deus! Quanta injustiça! Se isto
acontece em família como não há de acontecer no respeito dos governos para com
os idosos?
Para que serviram os descontos que
fizeram na perspetiva de uma velhice tranquila, se agora lhes retiram o que
lhes é devido?
Mas que fazer, para além de protestar?!
De que lhes serve ?! Qual a sua força ou capacidade reivindicativa? Quem os
defende ou deveria defender? Mas, atenção!... Também esses responsáveis lá
chegarão um dia, embora lhes pareça algo distante no tempo.
É um direito, sim - está expresso na lei-
que têm os que sempre trabalharam e descontaram e é crime sem perdão serem-lhes
negados esses legítimos direitos, com outra agravante, que é:- o de dessas parcas
pensões, num tempo em que mercê da idade, mais precisam- ainda terem que (mais
uma vez) acudir aos familiares em dificuldades, devido a erradas políticas, seguidas
durante muitos anos.
Os agora chamados seniores, já perto do
final de suas vidas, têm de suportar tudo isto?!
É triste, muito triste!
Até quando? São o lado mais fraco e
merecem que urgentemente os governantes mudem este estado de coisas, em favor
duma maior dignidade humana, há muito aguardada e imprescindível, para todos
sermos nesta Terra, mais felizes.
5 de Fevereiro de 2014
José Garção Ribeiro Branquinho
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
APARIÇÃO
Um
sentimento de alegria infinda
Invadiu,
certo dia, meu pobre ser.
Foi no
momento em que te pude ver,
Quando me
surgiu tua imagem linda.
Foi ali- à
Quinta- perto da tua casa,
Quando nos
cruzámos a vez primeira.
Vinhas de
luto, andorinha ligeira…
Ali, nesse
dia, o meu golpe de asa.
Vi-te,
encantei-me em teu lindo rosto!
Nessa tarde
outonal, quase sol-posto,
Falei-te
nervosamente, loucamente!
Sorriste,
baixaste teus bonitos olhos
Num gesto
que aliviou meus escolhos!
Senti que
te não era indiferente.
Monte
Carvalho, outubro de 2016
JGRBranquinho - “Zé do Monte”
Subscrever:
Mensagens (Atom)