ACASO OU DESTINO
Sei quanto amei, quanto te amo, minha Flor, desde o longínquo tempo em que nos encontrámos e conhecemos-
Por um acaso (ou foi obra do Destino?) cruzámo-nos numa tarde soalheira de outono, ainda nos primeiros dias de aulas, na altura no mês de outubro.
Não nos conhecíamos, (nunca nos tínhamos visto) saudámo-nos com “um boa tarde” e cada um seguiu o seu caminho.
Volvidos curtos momentos- dados “meia- dúzia" de passos, olhei para trás (e… Santo Deus!) nossos olhares se encontraram!
A minha vontade era ter logo voltado para trás e, se não o fiz, foi só por acanhamento.
Chegado ao local onde me dirigia, (a casa de meus avós, no sítio das Hortas) assim que pude, cumprida a missão que ali me levava, despedi-me e voltei correndo à tua procura, coração alvoroçado.
Por sorte, fiquei a saber por que razão ali estavas e, logo na manhã seguinte, voltei a essa velhinha estrada procurando ver-te de novo.
Assim aconteceu e logo decidi que te ia escrever. Enviei a carta por mão própria e, agora, era só esperar por uma resposta agradável.
Alguma incerteza em mim, levava-me a recear, embora (intimamente) confiando e desejando, apaixonado como estava, numa aceitação por tua parte.
Foram breves, embora me parecessem bem longos, os dias em que aguardei a tua ansiada resposta.
Certezas, na verdade, não as tinha, mas era tal a paixão que sentia, que, por isso, também não queria admitir que não aceitasses o meu pedido de namoro.
Debatia-me entre dúvidas e esperanças e, a cada dia que passava, esperava receber essa missiva de assentimento, que tanto almejava.
No dia 31 de outubro (era sábado, véspera do Dia de Todos os Santos) veio a Luísa, então, trazer-me em mão essa bendita mensageira de amor que eu tanto aguardava!
Não é possível, ainda hoje, descrever o que então senti! Era, verdadeiramente o meu primeiro namoro, pois, até ali, eram apenas coisas de criança.
Senti a tentação de contar a toda a gente o que me estava a acontecer, tal era a minha alegria, mas não era preciso, pois num meio pequeno como era aquele, logo se viria a saber; apenas o fiz a familiares e amigos mais chegados.
Nos dias seguintes, acordava ansioso, feliz, e lá ia eu para a porta à espera de te ver passar para a Escola. Víamo-nos todos os dias e todos os dias trocávamos bilhetinhos, (os teus artisticamente dobrados), que eram o meu encanto e que avidamente lia!
Por razões que não nos convenciam, começaram a surgir obstáculos, mas que nós, habilmente, lá íamos contornando, pois nos amávamos verdadeiramente.
Mais tarde, na cidade, tornou-se mais fácil e demos largas ao nosso amor, embora sempre contando com alguma má-vontade, que não aceitávamos de modo algum, gerando em nós revolta que nos atormentava. Então, procurávamos, como bem te lembras, de comum acordo, os lugares mais recônditos para nos encontrarmos e isso nos ia confortando.
Quantas vezes falámos em resolver, de vez, o problema, mas éramos muito novos
e as dificuldades eram insuperáveis, não tendo nós condições para agir, limitando-nos a aguardar melhores dias, embora a muito custo.
Depois, foi o que tu sabes e que, agora, já tão tarde, não podemos alterar, seguindo cada um o seu caminho paralelo.
Foi o Destino a ditar as suas leis.
NOTA:-
Como me pediste há tempos, aqui deixo este resumido apontamento, lembrando aquele tempo de alegrias e, também de dores, por tanto nos amarmos.
Faz o que quiseres deste escrito, embora me dissesses e acredite que gostasses de o guardar.
Até sempre!
O meu apertado abraço.
L.White.
Nos dias seguintes, acordava ansioso, feliz, e lá ia eu para a porta à espera de te ver passar para a Escola. Víamo-nos todos os dias e todos os dias trocávamos bilhetinhos, (os teus artisticamente dobrados), que eram o meu encanto e que avidamente lia!
Por razões que não nos convenciam, começaram a surgir obstáculos, mas que nós, habilmente, lá íamos contornando, pois nos amávamos verdadeiramente.
Mais tarde, na cidade, tornou-se mais fácil e demos largas ao nosso amor, embora sempre contando com alguma má-vontade, que não aceitávamos de modo algum, gerando em nós revolta que nos atormentava. Então, procurávamos, como bem te lembras, de comum acordo, os lugares mais recônditos para nos encontrarmos e isso nos ia confortando.
Quantas vezes falámos em resolver, de vez, o problema, mas éramos muito novos
e as dificuldades eram insuperáveis, não tendo nós condições para agir, limitando-nos a aguardar melhores dias, embora a muito custo.
Depois, foi o que tu sabes e que, agora, já tão tarde, não podemos alterar, seguindo cada um o seu caminho paralelo.
Foi o Destino a ditar as suas leis.
NOTA:-
Como me pediste há tempos, aqui deixo este resumido apontamento, lembrando aquele tempo de alegrias e, também de dores, por tanto nos amarmos.
Faz o que quiseres deste escrito, embora me dissesses e acredite que gostasses de o guardar.
Até sempre!
O meu apertado abraço.
L.White.
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