quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Á S M U L H E R E S



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ÀS MULHERES

Canto ainda hoje
em meus escritos
(com amor e admiração)
às mulheres
(verdadeiras heroínas)
que conheci e admirei
e guardei no coração.
Canto, com verdade,
(de coração inteiro)
sua real virtude.
Por quem fiz
(total paixão,
total devoção)
minha melhor oração
Dever primeiro,
(sentir maior,
sentir verdadeiro)
O mais importante
no tempo já distante
da breve juventude.




                   Conheci grandes mulheres, insuperáveis donas de casa, amantíssimas mães e avós que em toda a sua vida fizeram um trabalho invulgar ao serviço da família e, concomitantemente, da própria sociedade em que estavam inseridas no interior do nosso Portugal - Alto Alentejo, distrito de Portalegre - onde vivi os primeiros vinte anos da minha vida.
   Naturalmente que sei que em outras regiões seria também assim, mas falo essencialmente do que vivi e conheci numa época já distante e em que despertei para o mundo, atingindo a adolescência num convívio diário com admiráveis mulheres que tanto me marcaram e perdurarão para todo o sempre em minha memória e meu coração.
   Tinham, na totalidade, as tarefas do seu lar e ainda algumas trabalhavam nas atividades campestres, ao serviço dos proprietários das terras, contribuindo, assim, para atenuar as dificuldades da vida numa época dura de viver, a par do trabalho dos maridos. Muitas, infelizmente, nunca viram o seu trabalho reconhecido e ainda eram vítimas de maus tratos por parte dos cônjuges, mormente nos dias de “copos”- já debaixo do efeito do álcool - o que me causava verdadeira revolta, incapaz como estava de lhes poder valer, tal como a maioria dos meus vizinhos, baseados na velha asserção de que “entre marido e mulher não metas a colher”.

       Era um machismo levado ao extremo, sem qualquer consideração pela igualdade de direitos que eram devidos às suas dedicadas companheiras.

    Infelizmente, volvidos mais de cinquenta anos, sei que ainda não atingimos o desiderato que é de acabarmos com esta terrível situação, embora não sendo já tão má como naquela revoltante época que vivi na minha juventude.

        Nessa altura as raparigas iam à escola, se assim seus pais quisessem, no máximo até à 4.ª classe, pois não havia obrigatoriedade escolar no que respeita ao género feminino, o que, naturalmente, as limitava imenso.
       As mulheres tinham, pois, como missão quase exclusiva, a criação e educação dos filhos e os trabalhos na agricultura, com algumas exceções que aprenderam a arte da costura, indo outras trabalhar como serviçais em casas de gente de mais posses, mas sempre ativas, colaborando para o melhor bem-estar de seus lares.
      Aliás, devo esclarecer que no que respeita aos próprios rapazes, na  década de quarenta, na minha freguesia de Ribeira de Nisa, lugar de Monte Carvalho, apenas eu e um outro meu vizinho continuámos os estudos, tendo este abandonado os estudos, volvidos somente dois anos.

    Lembro-me de ouvir afirmações por parte de alguns pais, que consideravam que os filhos deviam continuar a atividade dos pais e que, mandá-los estudar, era criar malandros!

      Meus pais não eram ricos, vivendo do seu trabalho. Meu pai como pequeno industrial no fabrico de canastras e cestas de madeira de castanho, e minha mãe como costureira muito conceituada no meio, exercendo também uma ação verdadeiramente pedagógica ao ensinar a arte da costura a raparigas da nossa região, que depois se vieram a revelar e foram substituindo aa mais velhas, já mais dedicadas a trabalhar para os netos, confecionando-lhes as primeiras roupas e a ocuparem-se em trabalhos de "malha" e "renda". 

      
    Salve, INESQUECÍVEIS MULHERES ! 
      Salve, MÃES , AVÓS E BISAVÓS QUE CONHECI, ADMIREI E AMEI.
  S A L V E ! S A L V E !
  O  M E U  O B R I G A D O !

  (ABRO AQUI UM PARÊNTESIS)
   
  
        (Por expressa vontade de minha mãe e concordância de meu pai, feita a 4.ª classe, continuei os estudos em Portalegre: - Escola Industrial Fradêsso da Silveira e, depois, no Liceu Nacional Mousinho da Silveira.
        Acabados estes cursos, ingressei no Exército como miliciano, servindo em Lisboa:- “Batalhão de Metralhadoras 1”, “Regimento de Cavalaria 7” e Centro de Instrução “Trem- Auto”.
        Fui colocado, depois, em Évora:- “Regimento de Artilharia Ligeira 1 ”e finalmente, em Coimbra:- “Grupo de Companhias de Saúde” onde passei à disponibilidade, tendo ainda participado em “Manobras Militares em S.ta Margarida”.
        Voltei a Évora, cidade que me marcou imenso pela positiva, pois foi ali que se definiu o meu futuro, ao obter o meu Curso de Professor.
    Comecei a minha atividade docente em Portalegre: - Escola da Fontedeira onde estive dois anos, vindo, finalmente, para Lisboa onde exerci durante 34 anos, em três escolas:- Escola n.º 145 - Penha de França, Olivais Norte nº 175/190 (que dirigi durante 13 anos) e Escola n.º 24 - Bairro de S. Miguel - Alvalade, onde me aposentei.
    Tive ainda oportunidade de entrar na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa (onde concluí o “Curso de Ciências Pedagógicas”) e  frequentar o Instituto Superior de Serviço Social).




   Voltando agora ao assunto principal deste meu escrito, devo acrescentar que as poucas pausas que o trabalho permitia, eram para idas aos mercados – “quartas” no Corro e sábados no Rossio (junto ao enorme e secular plátano) - e as feiras (dos porcos, em Janeiro, das cerejas em Junho e das cebolas em Setembro) consideradas como verdadeiros dias de festa, no nosso meio.
     Na aldeia tínhamos no último domingo de Agosto a nossa Festa em honra de Nossa Senhora da Esperança, que se prolongava por dois ou três dias, como ainda acontece, em pleno Séc.XXI.
       Claro que a meus olhos, e creio que aos do meu tempo, estes eventos tinham outro significado e isto compreende-se facilmente sem necessidade de mais palavras. Bom é que, apesar de tudo, se mantenham bem vivas estas velhinhas tradições, para alegria do povo, quer para os residentes, quer para os que estando a viver fora, nelas têm mais uma razão para reviver outros tempos e sentir a magia destes campos, com todos os aromas que deles ainda emanam e a frescura desta nossa abençoada ribeira, que tantos benefícios traz às terras da nossa amada Ribeira de Nisa, a freguesia em que nasci e aonde volto sempre que posso, sempre saudoso, sempre sequioso, desfrutando dos seus bons ares e habitando por sempre breves dias a minha velhinha casa- a casa em que me criaram meus saudosos pais - a minha verdadeira casa.


GRATO E ELES, 

GRATO A DEUS, PARA TODO O SEMPRE!

Monte Carvalho, Setembro de 2018
JGRBranquinho - “Zé do Monte”


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