AO SOM DAS
ÁGUAS
Ao som das
águas saltitando de pedra em pedra nesta ribeira amada – ribeira da minha Ribeira de Nisa - escrevi e escrevo ainda nos dias de hoje,
refletindo sobre a vida e suas circunstâncias.
Circulando
por entre abundantes e gigantescos freixos, salgueiros e amieiros, pequenos e bonitos sabugueiros floridos e este grandioso avelanal, onde a luz do Sol
penetra coada por suas ramagens verdes, delicio-me nesta calma tarde de outono,
escutando em simultâneo o alegre cantar das aves que por aqui vão deambulando,
fazendo-me companhia.
Acabei de
chegar da nossa grande metrópole e logo para aqui me dirigi, procurando
aproveitar este dia outonal para num relance vespertino, ainda poder desfrutar
deste aprazível lugar à beira da minha ribeira. Ainda na viagem, já fazia
planos para que, mal chegasse, aqui viesse rememorando outros tempos, ligando-os
quanto possível aos dias de hoje.
Além da
ponte que substituiu o velho pontão, quase tudo permanece igual, e isso
agrada-me!
Agrada-me,
sobretudo, por me transportar mais facilmente aos anos da minha infância e
juventude a que gosto de estar ligado; que aqui posso ainda reencontrar, volvido mais de meio século, repartido entre a minha aldeia e Lisboa.
Daqui saí
na procura de melhor me realizar, pois as perspetivas de vida eram na altura muito
poucas, embora ainda hoje também não sejam muito favoráveis.
No entanto,
na altura, para quem não pudesse ir estudar, havia o recurso ao trabalho no
campo e a outras atividades a ele ligadas, como pequenas indústrias que aqui
existiam e hoje… desapareceram por completo!
Deu-se o êxodo para as cidades, abandonaram-se os
campos, hoje quase desertos!
Aqui, junto à minha bonita ribeira, ainda posso
sentir-me confortável. Quantas recordações! Quantas lembranças de momentos que
aqui passei com os meus amigos, especialmente em tardes de sábado, como esta!
Um outro
escrito em verso já alinhavei e que irei juntar a este pequeno texto.
JGRBranquinho
- J. Little White”
AO SOM
DAS ÁGUAS
Ao som destas águas correntes
me delicio e me demoro!
Ouço-as arrebatado, delirante!
Aqui me demorei
horas sem fim para meu prazer.
Ai, tempos breves
da minha infãncia e juventude!
Ai, tempos em que aqui me diverti
e inspirei escrevendo cartas de amor
- as primeiras cartas - ao som destas águas
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