terça-feira, 15 de janeiro de 2013

SINTETIZANDO


SINTETIZANDO
                               
Corriam os dias lentamente no meu lugar- Monte Carvalho- Ribeira de Nisa- Portalegre, Norte Alentejano, na década de quarenta!
Vivia no campo em contacto permanente com a Natureza, gozando de todos os seus benefícios (inclusive conhecendo de perto a sua fauna e flora e lidando de perto com a azáfama dos trabalhos agrícolas) convivendo com as pessoas de minha família e os meus amigos de infância, em perfeita harmonia, onde tudo era tão diferente dos dias de hoje, mesmo para os que lá vivem ainda, apesar de disporem de condições de vida, diferentes, mas, em alguns casos, não melhores, perdidas aquelas antigas tradições e modos de vida, em paz e sossego.
Devagar decorria o tempo naquele tempo de infância!
Surgia o Sol por detrás da minha amada Serra de S. Mamede, que ia aquecendo os corpos e as almas, enquanto não se escondia a ocidente, dando lugar à noite sem outro recurso que não fosse a possibilidade de nos sentarmos à lareira, onde, se o tempo estava frio, ardiam pedaços de lenha de castanho ou de azinho, com o auxílio dum punhado de cavacas (restos da indústria das canastras)  que facilitavam a intensidade do lume onde nos aquecíamos.
Íamos cedo para a cama se não havia muito TPC- trabalho para casa - que era feito à luz do candeeiro a petróleo ou até à luz da candeia de azeite! Não havia outra iluminação, ao tempo.
Era um hábito de minha casa o deitar cedo e cedo erguer, de acordo com o rifão popular. Levantava-me, cerca das 6 da manhã, com um chamamento de meu pai:- "Vamos levantar que já há sol"!
A Escola ficava longe, a uns bons 6 quilómetros, e lá ia eu a pé com outro companheiro, quer o tempo estivesse bom, quer mau! Era preciso estar a horas na Escola, muitas vezes, sabe-se lá, com que sacrifício.
Algumas vezes, se chovia e chegávamos molhados que nem um pinto, o próprio diretor da Escola Industrial Fradêsso da Silveira- com quem tínhamos a primeira aula- lá nos sentava junto a uma braseira.
Era "bonito de ver" o estado em que chegávamos, mas bonito, mesmo, era o seu gesto, dizendo que não iríamos a outra aula, enquanto não nos enxugássemos bem.
Acabadas as aulas, era o voltar a casa- de Inverno, já noite- algumas vezes à boleia numa carroça, se por acaso, tínhamos a sorte de encontrar algum vizinho que a tinha e estava àquela hora em Portalegre.
Situação que se manteve até que meus pais me arranjaram pensão na cidade, só voltando a casa nos fins de semana; contrariando- calculem!- o meu desejo de vir a casa, ao meu sítio, onde tinha os meus amigos que não estudavam.
Foram cinco anos naquela Escola. Depois, veio, então, o liceu Mousinho da Silveira, mas já com outra idade e uma bicicleta nova- a minha "dinâmica", que fazia o encanto dos meus dias, permitindo que voltasse a casa com maior regularidade.
Mais tarde... a vida militar em Lisboa, Évora e Coimbra com uma ida a manobras militares em S.ta Margarida.
Continuando os estudos, ingressei na E.M.P. de Évora, onda me diplomei.
Depois, a carreira docente em Portalegre e Lisboa.
Na década de sessenta concluí o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de
Letras da Universidade Clássica de Lisboa, o que me possibilitou outro nível de conhecimentos nas áreas da Didática, Pedagogia, Psicologia e História da Educação, entre outras. Frequentei, ainda, o Instituto Superior de Serviço Social, onde tive aulas de Direito com o Prof. Dr. Marcelo Caetano.
Aposentei-me na época de 1991/92, depois de 36 anos de serviço, com uma direcção de Escola durante treze anos, em Olivais Norte- Lisboa.
Hoje, tenho como hobbies a POESIA ( com participação em dezenas de
Antologias e a publicação do meu Livro "CANTOS DO MEU CANTO") a MÚSICA e o CANTO "à capela".
Participo em eventos poético/musicais, exposições de pintura, lançamento de livros e organizo na Sala Vip do Sporting Clube de Portugal, mensalmente, "O CANTO E POESIA", onde participam poetas e cantores.
Integro o Coro Polifónico do Sporting de que sou co-fundador, sendo, também, diretor do Departamento de Cultura e Recreio.

      José Garção Ribeiro Branquinho
   Quinta da Piedade, 14 de janeiro de 2013

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