A FEIRA E OS SEUS ENCANTOS
Era a nossa mais importante feira:- A FEIRA DAS CEREJAS- também
ajudada pela circunstância de ser num tempo melhor- 5, 6 e 7 do mês de junho.
Realizava-se e realiza-se ainda na cidade de Portalegre- a
minha querida terra natal.
Era no frondoso Jardim na Av. da Liberdade- onde também se
situava o artístico Coreto, "A Explanada” sob o enorme cedro, tendo ao cimo a
célebre e original Cascata com o seu lago, que por “artes mágicas” desapareceu,
poucos sabendo ao certo para onde foi levada e eu ande, há tempos, a procurar saber. Hoje, está lá um Café/Restaurante.
Não faltavam também, os carroceis, os circos, as barraquinhas
de tiro ao alvo, a dos “robertos” e as das farturas (em Portalegre chamada “massa
frita”) bem como as tabernas ambulantes de saborosos petiscos, tão do agrado
dos homens, até porque 'entre dois copos' alguns negócios se concretizavam.
Nesta grande feira se juntavam dezenas de feirantes (com as
suas características e bem fartas
barracas) vindos dos mais diversos pontos do País, vendendo os mais diversificados
géneros, como acontecia e acontece- ainda- em outras feiras de norte a sul de
Portugal.
Havia um passeio central bastante vasto. Lateralmente,
existiam imensos bancos em alvenaria- à semelhança de poiais- onde as pessoas
descansavam um pouco as pernas, especialmente as mães, enquanto filhos e filhas
se divertiam, percorrendo o vasto recinto na companhia de amigos e amigas ou já namoriscando.
Era uma alegria constante para todos! Por tradição
antiquíssima e muito forte, estreavam-se roupas novas (quase que uma obrigação)
havendo, também- infelizmente- pessoas muito pobres que não iam por não poderem comprá-las.
Como jovens, adorávamos a feira e, à noite, embora algo
cansados, chegámos a voltar decorridas algumas centenas de metros já a caminho
do meu Monte Carvalho, onde eu e outros meus amigos residíamos.
Belos tempos! Minha vigorosa e saudável juventude! Como está longe e por vezes a julgo tão perto, por tão enriquecedoras recordações que em mim não morrem nem morrerão, jamais!
Eram três dias de verdadeira festa nesta cidade do Alto
Alentejo e, também ótimos para o comércio local, vendendo-se para além das
belas cerejas, todos os outros produtos da região, trazidos pelos agricultores,
pois nessa altura ainda se cultivavam bem as terras, que agora, tristemente, estão
quase ao abandono.
Políticas muito erradas, que hoje se lamentam, embora ainda
com alguma esperança em melhores dias.
Que venham depressa, para bem deste nosso Portugal, com gente
capaz de por cobro a tantos desmandos, a tanta asneira.
Quinta da Piedade, 21 de maio de 2014
JGRBranquinho
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