MEMÓRIA INCENDIADA
Minha memória se incendiou e fez-se luz em meu ser saudoso!
Volvi ao passado longínquo, ao tempo da minha mocidade radiosa,
onde tudo eram rosas no meu jardim viçoso, exuberante, todo ela cor e
perfume.
Recordei com alegria e saudade uma era de sonhos- os mais
belos!- quando ainda olhava para a vida sem preocupações de maior, a não ser a
dos estudos, que, felizmente, decorriam com regularidade.
A saúde era coisa em que nem pensava, por não faltar, não
sabendo, pois, o que era a sua falta nem as suas consequências. Pudera!
Os dias sucediam-se aos dias, sob a proteção dos pais, avós
e outros familiares.
A escola era um bom
lugar (apesar da distância a percorrer todos os dias desde a minha aldeia-Ribeira
de Nisa- a seis quilómetros) e onde a convivência com novos amigos na cidade,
fortalecia a vontade de viver, participando nas atividades desportivas e
culturais que se tinham naquele tempo, mesmo numa cidade do interior como
Portalegre
Frequentava, ali, a Escola Industrial Fradêsso da Silveira, cujo curso completei, continuando depois os estudos no Liceu Mouzinho da
Silveira.
Começa, então, o tempo natural do namorico e, aí, as coisas
começaram a mudar um pouco, como se calcula.
As primeiras paixonetas, as primeiras cartas de amor e o
tempo a ter que ser dividido entre o compromisso dos estudos e o namoro.
Em vez de constituir um problema, foi mais um motivo- e
grande- para gostar de viver e ver a vida sob outro prisma.
Tudo agora era ainda mais atrativo! Que entusiasmo! Que
alegria poder receber uma cartinha de amor, mesmo tendo a oportunidade de falar
com a bem-amada, durante o dia!
(As coisas só começam a complicar-se a partir do dia em que
surgem outras raparigas que despertam interesse e a vaidade nos invade, a ponto
de querermos ter mais que uma!...)
Lembro-me bem deste estado de espírito- que me causou alguns
dissabores- mas que faz parte da vida- e atire a primeira pedra aquele que não
passou por isso.
Começa uma nova era de diversão, sem que a julguemos mal,
pois tudo nos parece ser permitido!
É o amor a fazer das suas e… pronto!
Tempos bons, onde não víamos maldade. Divertìamo-nos!
As coisas lá se iam compondo, até que chega a altura de
assentar!...
A vida começa a ser olhada sob outra ótica e, completados os estudos, é altura, então, de nos assumirmos como responsáveis, tendo já o curso e obtido o primeiro emprego, que, no meu caso, foi o primeiro e último, numa carreira docente de que guardo, também, boas recordações.
Hoje, aposentado, é bom poder recordar! Recordar todos os momentos, até os menos bons, pois com todos eles aprendemos.
Graças a Deus posso fazê-lo, pois a memória ainda não me atraiçoa.
Agradeço-TE - meu DEUS, meu PAI- por mais esta graça.
Quinta da Piedade, 24 de junho de 2014.
JGRBranquinho
(Continua)
JBranquinho
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