sábado, 16 de janeiro de 2016

A TUA RUA



A TUA RUA
Esta rua triste, outrora alegre, onde te conheci e encontrei numa outra idade (saudosa idade jovem) não é, a meus olhos, a mesma! Aliás, todos os meus sentidos a sentem de modo diferente, embora mantenha os mesmos traços físicos. Foi aqui que embora por vezes em sobressalto, nervosamente, até, (natural em quem sente que está perante alguém diferente) te encontrei a vez primeira e senti que eras uma menina como não vira ainda, que me agradavas, que me encantavas, e logo prometi a mim mesmo, escrever-te.
Não passaram muitos dias, embora os sentisse intermináveis, entre a decisão de me dirigir por carta, e depois a espera deveras angustiosa de uma resposta tua.
Enquanto isto, voltei várias vezes a este local para mim sagrado, na esperança de te ver, na perspetiva de ser notado por ti e na ânsia de ver se teria coragem para te dirigir a palavra.
Resolvi, então, escrever-te, dada uma certa timidez da minha parte, que me inibia de te dirigir a palavra.
Sete dias depois, nesse venturoso mês de outubro, chegou a resposta- a tua tão desejada resposta. Quase delirei! Julguei-me o mais feliz dos mortais! Ao meu redor tudo era diferente.
Embora dias depois me parecesse bem claro o teu texto, nesse afortunado momento li e reli cada palavra, procurando aprofundar e compreender o seu sentido exato.
Fui o homem mais feliz, esquecendo tudo o que tivesse sido negativo na minha jovem idade. Pelo contrário, encarei o mundo com otimismo, vi nas dificuldades apenas pequenas colinas bem fáceis de subir, ignorando qualquer esforço, olhando os próprios estudos com um outro olhar, enfim, sob um prisma de brilho diamantino, com jamais sentira.
Hoje volto a esta rua- à nossa rua, à rua onde te encontrei- e recordo com saudade os dias em que juntos pisámos o seu asfalto, enamorados, apaixonados de verdade, mesmo que algumas vezes o fizéssemos em sobressalto, especialmente ao princípio, por razões que eram contrárias aos nossos desejos.
Foi nela que começou o nosso amor! Hoje, sinto-o, ainda ali permanece indestrutível o teu perfume, e eu amo-a como a nenhuma outra. É a tua rua. É a nossa rua.
JGRBranquinho-  “Little White”
Texto revisto em 16 de janeiro de 2016.

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