APONTAMENTO BREVE
Ergo meu pobre canto em louvor de uma esbelta imagem!
Ergo a minha voz- sim- procurando exaltar, com toda a
propriedade, em plenitude, quem admiro e de quem quisera ser, não mais um
cantor, mas o seu melhor cantor.
Conheci-a ainda jovem e desde sempre lhe reconheci uma
beleza fora do comum- uma beleza rara (muito rara, mesmo) aliando a um rosto
lindo num corpo elegante, uma exemplar simplicidade que fazia dela a minha eleita
entre as moças mais belas daquela época.
Durante uns breves anos, para minha felicidade, convivi com
ela e amei-a verdadeiramente. Tinha nela a minha Musa adorada! A ela cantei
meus versos, por ela melhorei meus escritos, correspondendo, também, aos que, mesmo
vendo-nos diariamente, ela me dirigia.
Foram brevíssimos tempos, como são todos os que mais nos
agradam, e que vi passar velozmente, a um ritmo galopante, qual cavalo alado!
Por vicissitudes da própria vida, seguimos rumos diferentes,
sem que nos tivéssemos zangado, ou, jamais, esquecido! Como explicar isto?! Caprichos
do destino?! Porquê, então?
Por uma ou outra vez vimo-nos de fugida, ocasionalmente, pois
estávamos em sítios distantes.
Se isso acontecia, era um voltar ao passado, um recordar de
momentos bons, embora sem lamúrias pelo presente, pois encarávamos a situação
como pessoas responsáveis e adultas que já éramos. Era agradável, sim, mas
compreendendo bem o melindre da situação, não arriscávamos.
Uma tarde, na grande cidade, sem que o esperássemos, encontrámo-nos
e combinámos um encontro, que breve se efetivou.
Continuámos a encontrar-nos até que surgiu outro contratempo
e voltámos a ficar distantes por força de razões de serviço.
Decididamente, o destino continuava apostado em nos
distanciar uma vez mais e nós tudo suportávamos!
Não mais, se não por fugidios instantes, correndo embora alguns perigos, mas muito a nosso gosto, nos
pudemos encontrar.
As comunicações via telefone foram sendo, então, quase
exclusivamente, o nosso meio de contacto, à falta de melhor. No entanto, sempre era alguma coisa!
Dirão que é muito pouco para quem se gosta; ainda assim, um meio agradável,
pois nos permitiu e permite saber como vamos passando, como bons amigos que somos.
A apreciação desta situação, algo estranha, há de caber a
cada um que um dia me ler, não querendo eu ir mais além do que já disse neste breve apontamento.
Quinta da Piedade, 25 de junho de 2013
JGRBranquinho
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