REFLEXÕES MINHAS
Descia aos poucos a noite sobre o Monte. Era o recolher dos animais à estrebaria, da passarada às árvores onde pernoitava. Situação vulgar para todos nós em cada dia, agora ali sentados à conversa, junto à fonte.
O dia fora longo e quente (auge do verão) e todos ansiavam já pela
noite fresca, embora alguns, por terem dormido a sesta por ordem de seus pais,
dissessem que o dia não teria sido assim tão desagradável nem tão longo.
Estávamos em plenas férias grandes e, jovens como éramos, lá
arranjávamos motivos para ocupar tantos dias sem aulas, jogando a bola,
pescando e nadando na ribeira, ou ajudando os pais, nas tarefas de cada um
deles, especialmente na agricultura, regando o milho e outros sementeiras
próprias da época.
Foi então - por volta dos “catorze”- que muitos de nós começaram
“a arrastar a asa” às moças que ali viviam - a maioria trabalhando no campo,
servindo nas casas ricas, e, outras que andavam “à costura”, pois, estudar, na
altura, era exclusivo dos rapazes, cujos pais que queriam e podiam (já com
perspetivas de futuro) mandavam estudar os filhos para além da chamada 4.ª
classe - escolaridade obrigatória.
Para as pessoas de hoje, pode parecer estranho, mas, na altura,
era assim. Ainda bem que os tempos mudaram e, nos dias de hoje, tudo é
diferente no campo, especialmente no que respeita à escolaridade das raparigas.
Quantas poderiam ter atingido um melhor nível cultural e por ali
ficaram limitadas às tarefas campesinas ou à costura - isto sem desprimor,
claro está, para estas atividades também importantes, também essenciais, na
nossa sociedade.
Dir-me-ão que nem todas, nem todos, ainda hoje, estudam e conseguem
atingir os mais altos cargos na sociedade, mas, apesar disso, diferente é ficar
com melhores conhecimentos, permitindo-lhes aprimorar os níveis de rendimento
nas respetivas profissões.
A iliteracia é hoje, felizmente, muito menor em ambos os géneros,
e basta ver que na maior parte dos cursos há até mais raparigas que rapazes!
Uma sociedade instruída é mais rica e mais feliz, com os inerentes
benefícios para o próprio País, como todos sabemos.
Os tempos de há sessenta, cinquenta anos, graças a Deus, não mais voltarão
e o nosso presente é indicativo dum próximo futuro mais próspero, para bem de
todos nós.
Estamos no bom caminho e nenhum de nós, dentro da sua esfera de
ação, deve desviar-se do propósito que é o de dar o seu maior contributo a bem
do continuado progresso de Portugal.
Se o fizermos (temos a obrigação de o fazer) o futuro dos nossos filhos
e netos será bem mais risonho que o que nós herdámos, pese embora a boa vontade
de alguns homens bons do passado.
Ao Governo e a todas as
outras organizações, o dever inadiável de dar continuidade ao que já está sendo
feito.
Contem connosco, não é verdade, amigos?
Quinta da Piedade, 23 de janeiro de 2018
JGRBranquinho - “J. Little White”
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