domingo, 28 de janeiro de 2018

UM FIM FELIZ

UM FIM FELIZ
Anda triste, sem esp’rança
Sofrendo a bom sofrer!
Ninguém lhe nota mudança
Persiste e não se cansa.
Só lhe resta morrer.

Muito jovem, desistir
É seu propósito, agora.
 É esse o seu sentir
Apetece-lhe fugir…
 Má ideia, cada hora.

A ninguém quer escutar
Desiludido a valer!
Esquece! Tudo vai passar,
Há mais moças de agradar
Vale a pena viver.

Este caso eu conheci.
Tempo de louca paixão!
Desde então, jamais eu vi
Tanto desalento ali
Em tão pobre coração.

“Quem eu quero não me quer!”
Dizia-me, revoltado!
Amo aquela mulher.
Faço o que ela quiser
Para a ter a meu lado!

Aqueles que o conheciam
Lamentavam seu sofrer.
Faziam o que podiam
Sua dor não esqueciam
Temiam vê-lo morrer.

Andou anos, sempre triste!
Não queria ouvir ninguém!
Mais tarde, pude encontrá-lo na cidade; não lhe notei grande mudança!
 Mas não querendo recordar-lhe nada, procurei outros assuntos, inclusive os acontecimentos desportivos, já que ele jogava futebol no clube da terra.
Nisto… diz-me ele:
- Lembras-te da minha paixão?
- Sim, mas pensei que isso era mesmo passado!...
-Olha, ela não namora!
- Então, o que é que tu queres dizer com isso?!
- Quero que tu me escrevas uma carta!
- Uma carta, para quê?
- Tu sabes…
- Bem, pelos vistos, é para ela!
-Sim, eu penso que a razão dela não me querer nunca foi bem esclarecida.
Não quis contrariá-lo, e disse-lhe:-  
- Se pensas que é assim, vamos a isso!
Escrevi a carta pedida e ele agradeceu-me emocionado.
Como eu vivia em Lisboa, pedi-lhe que me informasse, mal recebesse a resposta.
Certo dia, veio a carta. Fiquei estupefacto, pois, no fundo, eu pensava que de acordo com o que se costuma dizer: “ Quem eu quero não me quer, quem me quer não quero eu”, isso se confirmaria.
A verdade é que a moça aceitou, pedindo-lhe desculpa!
O que tinha acontecido?! Simplesmente uma proibição de seus pais, baseada em questões de ordem social e religiosa!!!
Agora, já mais velhos e mais esclarecidos, tinham mudado de opinião, e ela sentiu que era a altura de aceitar o pedido.
Resumindo, mal diria eu que ainda um dia vinha a contribuir para a felicidade do meu amigo!
Nota:- Ele tinha decidido voltar aos estudos e o futebol estava agora posto de parte.
Casaram e hoje vivem num país estrangeiro.
Em período de férias encontramo-nos, por vezes.
Tinha que ser assim, dirão. No entanto, eu sinto-me feliz por ter de algum modo, dado o meu contributo.
 Que sejas sempre feliz, Amigo!

Quinta da Piedade, Janeiro de 2018
JGRBranquinho





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