UM FIM
FELIZ
Anda triste,
sem esp’rança
Sofrendo a
bom sofrer!
Ninguém lhe
nota mudança
Persiste e não
se cansa.
Só lhe
resta morrer.
Muito
jovem, desistir
É seu
propósito, agora.
É esse o seu sentir
Apetece-lhe
fugir…
Má ideia, cada hora.
A ninguém
quer escutar
Desiludido
a valer!
Esquece!
Tudo vai passar,
Há mais
moças de agradar
Vale a pena
viver.
Este caso
eu conheci.
Tempo de
louca paixão!
Desde
então, jamais eu vi
Tanto
desalento ali
Em tão
pobre coração.
“Quem eu quero
não me quer!”
Dizia-me, revoltado!
Amo aquela
mulher.
Faço o que
ela quiser
Para a ter
a meu lado!
Aqueles que
o conheciam
Lamentavam
seu sofrer.
Faziam o que
podiam
Sua dor não
esqueciam
Temiam vê-lo
morrer.
Andou anos,
sempre triste!
Não queria
ouvir ninguém!
Mais tarde,
pude encontrá-lo na cidade; não lhe notei grande mudança!
Mas não querendo recordar-lhe nada,
procurei outros assuntos, inclusive os acontecimentos desportivos, já que ele
jogava futebol no clube da terra.
Nisto… diz-me ele:
- Lembras-te da minha paixão?
- Sim, mas pensei que isso era mesmo passado!...
-Olha, ela não namora!
- Então, o que é que tu queres dizer com isso?!
- Quero que tu me escrevas uma carta!
- Uma carta, para quê?
- Tu sabes…
- Bem, pelos vistos, é para ela!
-Sim, eu penso que a razão dela não me querer nunca foi bem esclarecida.
Não quis contrariá-lo, e disse-lhe:-
- Se pensas que é assim, vamos a isso!
Escrevi a carta pedida e ele agradeceu-me emocionado.
Como eu vivia em Lisboa, pedi-lhe que me informasse, mal recebesse a
resposta.
Certo dia, veio a carta. Fiquei estupefacto, pois, no fundo, eu pensava
que de acordo com o que se costuma dizer: “ Quem eu quero não me quer, quem me
quer não quero eu”, isso se confirmaria.
A verdade é que a moça aceitou, pedindo-lhe desculpa!
O que tinha acontecido?! Simplesmente uma proibição de seus pais, baseada
em questões de ordem social e religiosa!!!
Agora, já mais velhos e mais esclarecidos, tinham mudado de opinião, e
ela sentiu que era a altura de aceitar o pedido.
Resumindo, mal diria eu que ainda um dia vinha a contribuir para a
felicidade do meu amigo!
Nota:- Ele tinha decidido voltar aos estudos e o futebol estava agora
posto de parte.
Casaram e hoje vivem num país estrangeiro.
Em período de férias encontramo-nos, por vezes.
Tinha que ser assim, dirão. No entanto, eu sinto-me feliz por ter de
algum modo, dado o meu contributo.
Que sejas sempre feliz, Amigo!
Quinta da Piedade, Janeiro de 2018
JGRBranquinho
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