segunda-feira, 17 de setembro de 2012

REFLETINDO UM POUCO

                          REFLETINDO UM  POUCO
Sinto que a minha longa e por vezes sinuosa estrada,  traçada sobre montes e vales, alternando entre  situações de agrado e desagrado (como é normal) se encurta dia a dia, aproximando-se  do seu fim, o que me assusta em certos dias
Por ela venho caminhando paulatinamente, passo a passo- desde dos primeiros dias (mesmo gatinhando desajeitadamente sem ter bem a noção nem do tempo nem do espaço) e sempre sob a atenta vigilância de meus saudosos pais.
Dados os primeiros passos e, durante anos, não tive, nunca, a noção do tempo, parecendo, mesmo,  que a rotina diária se iria eternizar. Aliás, isso nem era preocupação, não pensando nem ao de leve na passagem do tempo; suponho que, como qualquer um, nos verdes anos da infância e juventude.
Quantos a sentirão nessa altura da vida? Creio que muito poucos.
Entrei  na Escola, a meu pedido, após várias insistências com meus pais, pois os meus melhores amigos, por serem um pouco mais velhos- mas eram aqueles com quem mais privava- já a frequentavam.
Lá fui admitido (ainda que sob condição) lá venci com a minha-  como se costuma dizer.
Já aprendera a ler com minha mãe pela cartilha de João de Deus- um grande pedagogo- e foi-me, então, destinada  uma cadeirinha, entre as carteiras e a secretária da sr.ª professora.
Ia ouvindo e aprendendo mais alguma coisa, passando de classe até à terceira, altura de fazer o primeiro exame. Aí surgiu, então, o problema:- não tinha idade que me permitisse ir a exame!
Meus pais e a própria professora, bem tentaram junto dos serviços da Direção Escolar em Portalegre, mas… tudo em vão! Teria que repetir a terceira  classe. Assim foi feito “ dura lex, sed lex”!...
O tempo foi passando entre as brincadeiras no largo da aldeia - Monte Carvalho- e as aulas na Escola, até que, feitos os exames- 3.ª e 4.ª, dei entrada na Escola Industrial Fradesso da Silveira, na cidade de Portalegre, onde completei o Curso de cinco anos - embora a partir de certa altura, um pouco contrafeito, um pouco a contra-gosto.
Depois, o Curso do Ensino Liceal, onde me senti, francamente melhor, até que surgiu a entrada no exército, como miliciano.
Foram dezoito meses  no Regimento de Metralhadoras 1, Regimento de Cavalaria 7, Grupo de Companhias Trem -Auto,- em Lisboa; Regimento de Artilharia Ligeira 1, em Évora, e Grupo de Companhias de Saúde, em Coimbra, com manobras militares em S.ta Margarida, durante 41 dias!
Vencida esta fase da vida sem problemas de maior, foi a vez  do exame de admissão à Escola do Magistério Primário, em Évora, onde completei o curso. Agora... já tinha, enfim, uma profissão!
Exerci–a  durante dois anos, em Portalegre- Escola da Fontedeira- e mais trinta e quatro, em Lisboa:- Escola n.º 145 na Penha de França, Escola 175/190 em Olivais Norte e Escola do Bairro de S. Miguel, em Alvalade. Fundei, ainda, um Centro de Postos da Telescola, em Olivais e Moscavide, aposentando-me em Julho de1992, depois duma direção de Escola em Olivais Norte, durante treze anos.
Fiz uma carreira docente normal  e, na década de setenta, obtive o Curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, tendo participado numa ação de formação, no Complexo Desporivo do Jamor Jamor, da responsabilidade do INEF-Instituto Nacional de Educação Física.
Sinto-me de certo modo feliz pela possibilidade que tive de sempre ir aprendendo algo mais, enriquecendo conhecimentos e, assim, poder ser mais útil aos que me foram confiados durante a minha carreira docente. Tive o agrado de ver publicado um livro sobre as vantagens do exercício físico na Escola, onde colaborei com a minha turma de 4.º ano de escolaridade.
Trabalhei por gosto! Amei a minha profissão.
Constituí família. Casei-me em Fátima com a M.ª de Jesus. Tenho duas filhas- Maria Dulce e a Teresa Maria, das quais tenho dois netos- o João Francisco e o Bernardo Manuel, que são, também, o meu orgulho.
Hoje, já jubilado, dedico-me à escrita em prosa e poesia, à música e ao canto.
Sou o responsável pelo Departamento de Cultura e Recreio do Sporting Clube de Portugal, onde sou co-fundador do Coro Polifónico a que também pertenço. 
Criei a Tertúlia "SPORTING CANTO E POESIA" (as iniciais de SPORTING CLUBE DE PORTUGAL) frequentada mensalmente, na terceira 4.ª feira, por poetas que me dão o seu importante apoio e aos quais estou muito reconhecido, depois de ter a alegria de ver publicado o meu  livro” CANTOS DO MEU CANTO” na EDITORIA MINERVA - poesia e  alguma prosa- a par da colaboração em cerca de cinco dezenas de Antologias. Tive, também, o primeiro prémio em poesia dedicada à criança:- "A UM ALUNO NO PRIMEIRO DIA DE AULAS"-Jogos Florais de Évora, da responsabilidade da Escola do Magistério.  
Por vezes, assusto-me um pouco ao ver o tempo passar (agora a parecer-me muito mais rápido!) e a querer ter ainda a oportunidade de poder levar à prática tantas coisas que desejaria para meu próprio conforto e realização.
A estrada encurta-se dia a dia, esta é a verdade. 
Terei a capacidade necessária para enfrentar a situação?
Só Deus sabe!

Quinta da Piedade, 16 de setembro de 2012
José Garção Ribeiro Branquinho

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