TARDE DEMAIS
Ali, mulher, entre urzes, entre mato, na solidão campestre dum espaço maior, em pleno Alentejo, juntos caminhámos naquela tarde amargo/doce (embora) mas importante para mim.
O rei sol desaparecera e o cinzento do céu dominava o ambiente. Um ou outro pássaro esvoaçava tristemente por ali, como que perdido, desiludido perante a pobreza do local, onde não se vislumbrava uma erva ou semente propícia ao alimento de apenas uma pobre ave.
Lado a lado íamos caminhando, numa conversa quase sem sentido, mais para entreter, sem que nenhum de nós a fosse capaz de mudar, isto é, dar-lhe outro rumo, quando a oportunidade era de ouro e o silêncio à nossa volta, sem testemunhas, a isso convidava.
Ao fim de meses sem te ver, saudoso e com tanto por dizer, não me saía uma palavra digna de tão prolongada ausência, capaz de te mostrar que estava contente por, finalmente, te ter comigo a sós!
O inesperado da situação surgida, o acanhamento- sei lá- foram dominantes. Porquê, se eu desejava tanto estar contigo?!
Despedimo-nos e comecei, então, a refletir sobre o que poderia e deveria ter sido aquele encontro não programado, não esperado!
Era tarde demais para refazer fosse o que fosse! Nem deu para escrever!
Só hoje, aqui distante, deu para escrever este simples e pobre texto, de acordo com o que realmente aconteceu naquele dia de céu cinzento, na solidão agreste daquele campo ao abandono, só ele testemunha muda da nossa presença e passagem.
O meu saudoso abraço, aguardando ansiosamente, um próximo encontro.
O meu saudoso abraço, aguardando ansiosamente, um próximo encontro.
Adeus, senhora! Adeus, minha Musa!
Quinta da Piedade, 17 de setembro de 2012.
JGRBranquinho
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