APONTAMENTO ANTIGO

APONTAMENTO ANTIGO

Dei-te as rosas mais belas do meu jardim- senhora, minha amada querida- num tempo bom da nossa vida, naquele lugar distante e sempre presente em nós.

Vivíamos a juventude e tudo ao nosso redor era sol e luz em plena primavera!

Não havia nuvens negras no nosso dia- a- dia e desfrutávamos a vida sem nenhuma espécie de temor!

A Escola era a única responsabilidade que sobre nós pesava e a que tínhamos que procurar responder com o interesse próprio de quem sonha ir mais longe.

Tínhamos o apoio constante da família que não se eximia, ainda que com algum esforço, (muitas vezes sem que corretamente nos apercebêssemos) de nos proporcionar os meios para alcançarmos os nossos objetivos, que eram obtermos um curso que nos trouxesse uma vida bem melhor que a que se vivia no nosso meio, naquele tempo de pobreza, lá bem no interior de Portugal.

Jovens, ainda na perspetiva da descoberta do mundo, não fugíamos à regra e começávamos “a olhar para a sombra” e a dar os primeiros passos na estrada do amor, ainda que um pouco ingenuamente, claro. Tudo era bonito aos nossos olhos e belos sonhos ornavam as nossas vidas, num entusiasmo louco que nos fazia verdadeiramente felizes.

Conhecemo-nos e, como diz o ditado popular, ‘ foi amor à primeira vista’ que desenvolvemos cada dia que ia decorrendo, sempre na maior sinceridade e ternura numa pureza sem paralelo.

As pessoas- as boas pessoas que nos estimavam e amavam- admiravam-nos e aprovavam o nosso enleio amoroso, tão genuíno era!

Passámos por dificuldades (era prioritário, naturalmente, dar boa conta do recado nos estudos) mas bem pior por algumas circunstâncias que nos foram surgindo e que contrariavam a boa sequência da nossa bonita relação.

Julgavam possível o impossível:- Proibir o amor entre duas pessoas!

Por algum tempo julgaram-se vitoriosas, mas nunca conseguiram matar o nosso amor e a prova é este mesmo amor que nos une.

( Texto sem data e encontrado num velho caderno)

JGRBranquinho