CONSIDERANDOS MEUS
“ Se pudesse voltar atrás, faria o mesmo”- dizem alguns, querendo justificar a orientação e sentido de suas vidas no decorrer dos anos. Por estarem contentes consigo mesmos, ou, então, para não darem a entender o que consideram terem sido os seus próprios fracassos, numa espécie de orgulho com que pretendem ou julgam poder mascarar o que foram passos errados que já não é possível emendar nem corrigir.
Alguns, talvez o desejassem, mas, falta-lhes a coragem ou a possibilidade de o fazerem, dado o estatuto social que julgam ter e que, por vezes, nem têm. Isto, também, porque a sua sinceridade deixa muito a desejar e preferem arcar com as dificuldades, a darem a conhecer os problemas que os afligem, julgando serem, assim, mais considerados no meio que frequentam, mantendo no desconhecimento do seu passado, até os próprios familiares.
Eu, não me considerando infeliz, digo abertamente- “ sem papas na língua”- que se pudesse voltar atrás, não faria muito do que fiz, tendo liberdade de escolha, pois também há aspetos que (por ironia do destino me foram aconselhados ou impostos) seguindo-os humildemente como jovem obediente que era ou tinha que ser, no caso da indicação da escola ou liceu, após a escolaridade primária.
Atrasei cinco anos da minha vida escolar numa escola industrial, quase só de más recordações (inclusive as fracas notas que iam dando para passar) não fora os primeiros amores para que tinha muito tempo. Só mais tarde, o liceu onde a situação melhorou em todos os sentidos, atingindo outro estado de espírito, mesmo o de maior responsabilidade, embora sem perder de vista os meus amores, pois ninguém tira “as flores a maio”, como diz o adágio popular.
Tudo isto numa fase da vida, com situações escolares que me foram impostas e aceitei dada a minha idade e algum desconhecimento das coisas… Mas quem consegue escapar?!
Hoje, arrependo-me do tempo perdido, mas… já é tarde, muito tarde!!!
Quanto ao tempo militar- obrigatório- foram mais dezoito meses como miliciano, e com manobras militares em S.ta Margarida, durante quarenta e um dias.
Quanto ao Curso em Évora, foi uma escolha mesmo concertada com meus pais, e a mais conseguida. Acabado o Curso, exerci em Portalegre durante dois anos e cumpri todo o outro tempo, em Lisboa, em três escolas:- Penha de França- com uma direção de Escola em Olivais Norte, durante treze anos e a Escola do Bairro de S. Miguel, em Alvalade, onde me reformei, tendo, ainda trabalhado como professor, na Administração Geral do Porto de Lisboa, durante cinco anos.
Casei-me em Fátima com a Maria de Jesus, tenho duas filhas-Maria Dulce e Teresa Maria e dois netos João Francisco e Bernardo Manuel, aos quais dediquei o meu livro:- “CANTOS DO MEU CANTO”.
Em 1970 ingressei na Universidade Clássica de Lisboa- Faculdade de Letras- onde concluí o Curso de Ciências Pedagógicas.
Sempre quis ser professor, salvo num certo período que por amizade e admiração de alguém, dizia que queria ir para enfermagem, logo contrariado por uma professora que me disse:-“ Fraca profissão escolhes, rapaz”.
Neste escrito, cabe ainda (tinha que ser…) a referência aos tempos de namoricos, alguns mesmo , perda de tempo! Mas que fazer?! Eram os verdes anos da radiosa juventude, com a irresistível atração física a comandar os afetos, alguns mal sucedidos, por não conduzirem a nada ou quase nada.
Sou agora professor jubilado e considerando o que foi a minha vida, desde que pude decidir, não tenho muito de que me arrepender.
Tenho como agradáveis hobbies, a escrita através da Poesia- colaboração em cerca de cinco dezenas de Antologias(para além do livro referido)- A Tertúlia “Canto e Poesia” e a Música, através do Departamento de Cultura e Recreio, do Sporting Clube de Portugal, que dirijo, atuando em simultâneo, no Coro Polifónico do mesmo Clube.
Quinta da Piedade, 13 de agosto de 2012
JGRBranquinho
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