quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O JOAQUIM E A ROSA MARIA

 
O JOAQUIM E A ROSA MARIA
      O Joaquim e a Rosa Maria eram duas crianças de tenra idade, melhor dizendo, do primeiro ano de escolaridade- a antiga 1ª classe do ensino primário. Eram duas crianças amorosas, a quem os pais vestiram com todo o esmero para aquela festa, e foram escolhidas para, sob a orientação dos respetivos professores, plantarem uma árvore no largo da aldeia do Monte Carvalho, no dia 21 de março- Dia Mundial da Árvore- no distante ano de 1910.
Plantaram uma amoreira  que ainda hoje existe no largo, ao lado de uma outra que por razões desconhecidas já há muito desapareceu, talvez (quem sabe) por mais martirizada pelos miúdos nas suas brincadeiras e/ou por incúria dos próprios adultos. O que é verdade é que só resistiu a primeira, plantada pelas duas crianças. Continuaram a olhar a sua árvore com admiração e carinho e não esqueciam os nomes dos professores:- Paulo Castelhano (que eu ainda conheci) e Palmira Azinhais, ambos naturais da terra.

OBS.:
Em breve providenciarei no sentido de averiguar se é possível ser colocada uma placa nessa árvore, com a indicação dos nomes das crianças e dos professores.

As crianças cresceram nesse meio e talvez nem sonhassem que um dia viriam a ser marido e mulher, vindo a casar-se na Sé Catedral de Portalegre no ano de 1930,  embora continuando a viver no Monte Carvalho.
 Habitaram uma primeira casa na aldeia, mas por pouco tempo, mudando-se para uma parte da casa dos pais do Joaquim- uma casa grande que dava para viverem independentes, onde eu nasci com o auxílio da parteira- 'Ti' Joana Marmelo- e vivi até à idade de 20 anos.
Na outra parte da casa viviam os pais do Joaquim- João Gonçalves Branquinho (que já não conheci) e Maria Josefa Mourato- com os restantes filhos:- Antero, Manuel, M.ª Joaquina e M.ª José. 
O edifício dispunha de 4 portas e tinha, ainda, um primeiro andar com dois grandes quartos com pavimento de madeira, um palheiro e cavalariça, um casão para variadas arrumações, bem como cozinhas, num total de 10 divisões. 
Nos anos sessenta, estando eu a viver em Lisboa desde 1959, fizemos importantes obras de requalificação e ficaram três boas habitações independentes, num total de 13 divisões com três casas de banho.
 Foram arrendadas duas e na outra ficaram a viver meus pais, e onde eu passava alguns dias de férias em várias épocas do ano.
Tive a oportunidade e o grande gosto de mandar fazer essas obras, mas sob inspiração de minha saudosa mãe- a Rosa Maria- qual arquiteta que gizou a nova configuração da casa, embora, depois, sob a responsabilidade dos técnicos da Direção dos Serviços Urbanísticos, como era essencial que fosse, orientando os pedreiros na tarefa de restauração de todo o edifício.
Há 6 anos voltei a fazer obras de restauro, como telhados novos e alindamento de interiores.
É, agora, a casa onde passo alguns tempos de lazer na freguesia da Ribeira de Nisa- Monte Carvalho, concelho de Portalegre. Está, na sua modéstia, uma simpática "casa de bonecas"- como é uso dizer-se quando se gosta.

NOTA:- A velha casa grande era pertença de meus avós paternos, mas, por morte de meu avô, minha avó, com 5 filhos pequenos, teve necessidade de a vender a um abastado senhor da terra- o Sr. Joaquim Maçãs, ficando na casa, então, como rendeira. Com os casamentos dos filhos, minha avó foi viver com minha tia M.ª Joaquina, ficando o meu pai a viver na casa, que mais tarde- década de sessenta- eu readquiri a um filho do proprietário:- O sr. José dos Santos Maçãs, de que fui professor de um dos filhos- o João José- por sinal um dos meus melhores alunos e hoje engenheiro, depois presidente da Câmara Municipal de Portalegre, para além de deputado e Secretário de Estado da Estruturação Agrária e que continua a ter casa numa sua propriedade na mesma freguesia de Ribeira de Nisa.

Desde sempre ligadas as famílias (as voltas que a vida dá) e sempre no respeito pelas tradições de bom relacionamento- mesmo de excelsa amizade- como patrícios que somos, dando continuidade à boa convivência que os nossos saudosos antepassados estabeleceram noutra era.
Já tive, inclusive, o prazer de oferecer, entre outras coletâneas onde participo, o meu livro de Poesia"CANTOS DO MEU CANTO" a este meu ex-aluno e amigo.
Vamos ter, brevemente, um almoço como pretexto para mais uma vez pormos a conversa em dia, lá pelos nossos sítios.
Voltando à minha casa, obviamente recordo com saudade os meus tempos de infância e juventude vividos nela na companhia de meus pais (como muitas vezes tenho dito) dos melhores da minha existência, só comparáveis aos do tempo em que criei as minhas queridas filhas- Maria Dulce e Teresa Maria- embora nesta altura com muito maiores responsabilidades. 
Lá continuo a ir sempre que posso e cada vez me sinto mais preso a ela!
Que pena tenho hoje por não a ter podido desfrutar mais tempo e muito mais vezes! 
É ali que me sinto mais eu e revivo com saudade momentos inesquecíveis da minha existência.
Enquanto puder ali voltarei com todo o agrado, agradecendo a DEUS/PAI POR TAL GRAÇA.

Quinta da Piedade, 3 de setembro de 2014
JGRBranquinho

 



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