sábado, 29 de janeiro de 2011

RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA NO MONTE CARVALHO

Largo do MONTE, de meus anseios, meus recreios e também de meus receios!
Das brincadeiras sem fim, quantas vezes até altas horas da noite, com os meus amigos de infância!
Largo do Monte- do Monte Carvalho- meu berço, na minha saudosa Ribeira de Nisa, onde passei, verdadeiramente, os melhores anos da minha vida, até cumprida a escolaridade primária.
Como corríamos, como brincávamos, como nos divertíamos com os poucos recursos de que dispúnhamos!
Não precisávamos de mais! O pouco que tínhamos era tudo para nós!
Inventávamos, se os pais não podiam ou não queriam dar mais. Quanto valor lhes atribuíamos!
Pequenos objectos, feitos de madeira, arame ou lata, eram a nossa fortuna, a nossa felicidade!
A  bola de trapos (de meias cheias com bocados de pano ou papel) até, finalmente, à primeira, de borracha!
A roda de arame ou de borracha com o guiador. Que corridas nas voltas sem fim por aqueles caminhos de terra batida!
O berlinde, o pião, o fincão espetado  no barro lamacento! Tantas disputas, tantos pequenos desacatos!
As zaragatas, pois!... mas que se resolviam em pouco tempo e tudo voltava à normalidade!
Éramos como irmãos sem pensarmos no que isso significava. Éramos verdadeiramente amigos.Companheiros sem mácula! O saltar ao eixo, a "inteira",as "andas", o jogo das escondidas, a cabra-cega, o "lenço", a "malha", o "chito"! Que saudades! Que saudades!
Depois... o desafio de futebol no campo improvisado no largo do Monte,com os altos e baixos que conhecíamos de cor, correndo para  as balizas limitadas por pedras, onde, por vezes, nem havia guarda-redes!
Complementava-se tudo isto com o irmos nadar para a ribeira, e à procura das rãs e dos peixes, utilizando um cabaz ou canastra de madeira de castanho, que forrávamos de folhas de amieiro e mergulhávamos nos pegos, enquanto outros "batiam" o peixe no sentido de o encaminharem para o local onde estava a nossa artimanha.
Num repente, admitindo estar lá o motivo da nossa aventura, era o levantar imediato da canastra escorrendo a água e o apanhar o peixe ou alguma rã que tivessem caído no engodo.
Era uma alegria, um entusiasmo louco, uma grande vitória! E quantas vezes o peixe voltava para a água por não preencher as nossas exigências! Sim, éramos exigentes e defendíamos a continuação de próximas aventuras naqueles "lagos" imensos-  a nossos olhos-  contribuindo para a continuação das espécies. Era obra! Era bem pensado!
Estas actividades lúdicas, na sua maioria, eram, essencialmente, desde a Primavera até ao Outono.
Então, era a época das frutas, de que se destacavam as apetecidas castanhas. O tempo dos magustos no campo- outra grande tradição e forte motivação para a criançada.

NOTA:-Este texto- que já vai longo- continua em próxima oportunidade.
JGRBranquinho

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