segunda-feira, 8 de julho de 2013

VERSOS ANTIGOS



   VERSOS  ANTIGOS
Cai a chuva, em torrentes lacrimosas
Do céu, sobre a Terra ressequida!
E essas lágrimas pendentes, deliciosas,
Deixam a minha alma agradecida.
Já dos beirais, em ritmo sempre igual,
As ouço quebrar um silêncio sepulcral.

Caem sobre as pedras da calçada,
Juntam-se formando uma corrente,
E em ondas pequeninas, interligadas,
Desaguam no Mondego, docemente.

Pergunto à água:- “De onde vens tão pura?”
É uma gota que responde mal segura:-
-“Nós somos a água, ora purificada,
Que daqui partiu às alturas elevada”.

Como a água à altura desconhecida
Sua pureza cristalina foi buscar…
Também minh’alma em devaneios esquecida
Busca sempre a tua imagem encontrar.

És tu- mulher- quem minha vida purificas,
Doce acolhimento do meu pensar distante!
Em teu regaço, as lágrimas vertidas
Se transmudam em alegria transbordante.

Dia-a-dia, em meus sonhos de ventura,
Te procuro- mulher- minha felicidade!
Uma visão- a mais linda!- em mim perdura,
Reduz meu tormento de infinda saudade.

Meus olhos em dor e mágoa ungidos,
De sentimental saudade mui chorosos,
 Acalmam meus ais, meus gemidos,
Junto duns tão belos, tão saudosos.

São olhos chorando por outros olhos
Tão distantes, mas unidos estreitamente!...
Laços d'amor, que vencidos os escolhos,
Nossas vidas unirão eternamente.

Sol que t'espelhas alegre no Mondego,
De águas calmas e claras de cristal!...
Com teu raiar, alegra o desassossego
Desta dor de ausência, sempre igual.

Coimbra, fevereiro de 1954
JGRBranquinho
Nota:- Estava na vida militar- Unidade de Companhias de Saúde em Coimbra- e agora dei-lhe um pequeno jeito. É um hábito fazer isto de vez em quando.

Sem comentários:

Enviar um comentário