A COIMBRA
(Escrito na década de cinquenta)
Ó minha encantada e amada Coimbra, minha cidade abrigo nestes breves sete meses da minha juventude ainda cheia de sonhos e expetativas quanto ao próximo futuro que espero possa definir breve a minha profissão.
Aqui cheguei e me mantive como militar estudante, vivi e escrevi como nunca, até agora!
Desfrutei dos teus encantos e recanto-os com amor em meus pobres versos, grato pelo teu doce acolhimento a alguém que não te conhecia, que não conhecias e a quem recebeste em teus braços protetores, dando mais vida à sua vida.
Os primeiros tempos foram para te procurar conhecer, percorrendo nos meus momentos de lazer- em especial nos fins de semana- todos os teus recantos de encanto que me penetravam o ser e me davam ensejo maior de, admirando-te, escrever neste meu caderno de folhas em branco, qual sebenta que me acompanha e onde deixo as minhas ideias, melhor dito, aquelas que julgo mais dignas de um dia revelar, sei lá quando!
Lugares como o Parque da Sereia, o Penedo da Saudade, o da Meditação, Quinta das Lágrimas, Jardim Botânico, Portugal dos Pequeninos, a velha Universidade-com a Biblioteca barroca e a tão falada Torre da Cabra, o Largo da Portagem- e os meus preferidos Café Montanha e o Salão Brasil, onde jogava bilhar (ai aquelas broinhas de milho)- o Mondego-rio dos poetas com seus imponentes salgueiros- também apelidado de " basófias”, com as famosas cheias na estação invernosa- a Igreja de S.ta Clara, a de S.ta Cruz- onde, por sugestão do capelão militar me batizei- a Sé Velha, a Sé Nova- com as grandes serenatas académicas- o Choupal, a Lapa, Santo António, Tovim, as “Repúblicas dos Estudantes”, “A Queima das Fitas”, assim como as típicas e alegres “latadas”, as praxes académicas tão tradicionais e engraçadas, etc., etc..
Enfim, todo um conjunto de recordações inesquecíveis para quem nunca aqui tinha estado e se enamorou verdadeiramente de ti- querida e eterna Coimbra.
Voltarei a ti com o maior prazer- numa peregrinação sagrada e consagrada- para te abraçar e me refazer, minha Coimbra sem idade, minha eterna saudade.
Abençoada sejas para sempre- Coimbra dos doutores, Coimbra das tricanas, Coimbra de meus amores!
Até sempre!
Nota:-Texto revisto em abril de 2014
JGRBranquinho.
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