segunda-feira, 7 de março de 2011

AI QUE SAUDADES, AI QUE SAUDADES !


Minha longínqua memória
dum sossego alegre, sem pesares!
Meu passado de amores, cuidado enlevo
do meu tempo de criança, no campo!
Brincadeiras sem canseira no meu Monte- minha aldeia- minha Ribeira - meu torrão natal!
Meus caminhos estreitos de terra batida ou calçada antiga!
Vetustos muros de pedra solta, cobertos de silvas ou de heras,onde alguns passarinhos faziam seus ninhos.
Lembranças - as mais queridas!- vividas há tanto e..tão presentes ainda, em minha mente!
Quantas saudades desse tempo bom da minha infância e juventude!
Das belas e ricas hortas, dos pomares perfumando os ares!
Dos homens e mulheres trabalhando a terra
(lavrando, cavando,semeando, regando, sachando e colhendo)
ajudados pelos próprios filhos (pelos avós, também )
sem que isso fosse mal considerado, antes, pelo contrário!
Era um trabalho a bem da economia familiar
( a bem de todos, afinal! )
onde era notório o valor da entreajuda,
e a ocupação útil do tempo, principalmente dos mais novos,
 depois de cumpridas as obrigações escolares.
Conhecíamos todas as alfaias agrícolas e a sua utilidade,
 ainda sem a maquinaria, hoje tão usada.
Sabíamos o tempo próprio das sementeiras e colheitas
e conhecíamos os produtos dados pela terra,
dando-lhes, por isso, o verdadeiro valor.
Lidávamos com as coisas e os animais- que também ajudavam-
num saber de utilidade que os meninos da Cidade
desconheciam por completo!
Hoje, é desolador olhar para a grande maioria
dessas terras outrora cultivadas, agora desarborizadas e
onde pastam ovelhas, vacas e algumas cabras.
Nunca mais o semear de um bago de trigo ou de milho
 naqueles campos férteis, agora praticamente ao abandono!
Nunca mais a máquina debulhadora no largo do Monte,
depois da azáfama das colheitas!
Ai que saudades dos aromas da terra tratada e cultivada!
Ai que saudades, ai que saudades, meu Deus!

JGRBranquinho

1 comentário:

  1. É assim na minha aldeia e,infelizmente,noutros lugares deste País à beira-mar plantado!
    Quando voltaremos ao tempo antigo?
    Alguma vez mais?...
    O futuro a Deus pertence!
    José Branquinho

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