A
CORTIÇA
Por certo já viram que, de há tempos para cá, aparecem nas
lojas portuguesas- especialmente nas de artesanato- variadíssimos objetos de
cortiça, verdadeiras obras de arte.
Longe vão os tempos em que apenas se viam (dos mais
pequenos aos maiores) os célebres tarros que tanta utilidade tinham-
especialmente no Alentejo- para uso de quem trabalhava no campo, mormente no
que respeita aos pastores, que ali levavam a comida para o dia inteiro.
Era a melhor maneira de transportarem e manterem a comida em
bom estado em qualquer das estações do ano.
Li esta semana um apontamento sobre a nossa cortiça-
verdadeira riqueza nacional- que agora encontrou a forma de se tornar cada vez
mais útil na nossa depauperada economia.
Em boa hora os nossos antepassados cuidaram do sobreiro,
dispondo hoje o País de uma grande área de sobro, que de nove em nove anos, nos
dá a valiosa cortiça.
Foi em Elvas, em casa de uma tia de meu pai- Mariana
Mourato- que, ainda muito jovem, eu vi pela primeira vez, a aplicação da
cortiça como isolante nas paredes interiores de toda a habitação. Um luxo e um
conforto, simultaneamente.
As suas qualidades são realmente enormes e apontam-se mais
de uma vintena neste produto tão essencial no nosso dia-a-dia:
- 100% natural,
vegetal, ecológica, renovável, reciclável, biodegradável, impermeável, térmica,
acústica, resistente, opaca, anti-bacteriana, inalérgica, lavável, flexível, à
prova de água, suave, maleável ,extremamente leve e de fácil aplicação,
fazendo-se já, inclusive, peças de vestuário, desde chapéus, sombrinhas,
sapatos, malas, carteiras e até vestidos, que pedem meças aos mais finos e
delicados tecidos- enfim... verdadeiras obras de arte.
Grandes progressos na maquinaria, vieram desenvolver o seu
fabrico e auxiliar os verdadeiros artistas que são os artesãos, que, felizmente,
existem em Portugal e que devem ser ajudados, estimulando-os nessa tarefa de
produção que tão útil é ao País.
Como alentejano tenho o grande privilégio de conhecer bem a
cortiça e a sua utilidade, desde o descasque feito manualmente por homens com
uma perícia de admirar, auxiliados por machados bem afiados numa tarefa que dá
gosto apreciar.
É, também um prazer enorme olhar as montras e entrar nas
lojas onde se expõem e vendem os artigos feitos de cortiça, tendo agora a
possibilidade de os encontrar também nas áreas de serviço das auto-estradas. É preciso
“é puxar os cordões à bolsa”…
Somos, a nível mundial, o maior produtor e exportador de
cortiça! Até ver…
Mas, atenção a uma “pequenina” nação asiática que dá pelo
nome de China e que está a intensificar o cultivo de sobreiros em Marrocos!… Vejam
bem!
Em contrapartida, a Corticeira Amorim-
a maior de Portugal, como é sabido- parece (utilizo aqui a expressão que li) “
que está a colocar os cangurus a cheirar cascas de sobreiro na longínqua
Austrália”. Nunca as mãos lhe doam!
Confiemos que esta e outras
iniciativas de caráter económico tenham continuidade e o devido apoio, a bem do
nosso querido PORTUGAL.
Quinta da Piedade, 11 de agosto de
2014
JGRBranquinho
É, na verdade, um bem inestimável que, felizmente já muitos consideram e utilizam nas suas variadas e ecológicas funções. Gostei do apontamento.
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