segunda-feira, 11 de agosto de 2014

A CORTIÇA




 A  CORTIÇA
Por certo já viram que, de há tempos para cá, aparecem nas lojas portuguesas- especialmente nas de artesanato- variadíssimos objetos de cortiça, verdadeiras obras de arte.
Longe vão os tempos em que apenas se viam (dos mais pequenos aos maiores) os célebres tarros que tanta utilidade tinham- especialmente no Alentejo- para uso de quem trabalhava no campo, mormente no que respeita aos pastores, que ali levavam a comida para o dia inteiro.
Era a melhor maneira de transportarem e manterem a comida em bom estado em qualquer das estações do ano.
Li esta semana um apontamento sobre a nossa cortiça- verdadeira riqueza nacional- que agora encontrou a forma de se tornar cada vez mais útil na nossa depauperada economia.
Em boa hora os nossos antepassados cuidaram do sobreiro, dispondo hoje o País de uma grande área de sobro, que de nove em nove anos, nos dá a valiosa cortiça.
Foi em Elvas, em casa de uma tia de meu pai- Mariana Mourato- que, ainda muito jovem, eu vi pela primeira vez, a aplicação da cortiça como isolante nas paredes interiores de toda a habitação. Um luxo e um conforto, simultaneamente.
As suas qualidades são realmente enormes e apontam-se mais de uma vintena neste produto tão essencial no nosso dia-a-dia:
- 100% natural, vegetal, ecológica, renovável, reciclável, biodegradável, impermeável, térmica, acústica, resistente, opaca, anti-bacteriana, inalérgica, lavável, flexível, à prova de água, suave, maleável ,extremamente leve e de fácil aplicação, fazendo-se já, inclusive, peças de vestuário, desde chapéus, sombrinhas, sapatos, malas, carteiras  e até vestidos, que pedem meças aos mais finos e delicados tecidos- enfim... verdadeiras obras de arte.
Grandes progressos na maquinaria, vieram desenvolver o seu fabrico e auxiliar os verdadeiros artistas que são os artesãos, que, felizmente, existem em Portugal e que devem ser ajudados, estimulando-os nessa tarefa de produção que tão útil é ao País.
Como alentejano tenho o grande privilégio de conhecer bem a cortiça e a sua utilidade, desde o descasque feito manualmente por homens com uma perícia de admirar, auxiliados por machados bem afiados numa tarefa que dá gosto apreciar.
É, também um prazer enorme olhar as montras e entrar nas lojas onde se expõem e vendem os artigos feitos de cortiça, tendo agora a possibilidade de os encontrar também nas áreas de serviço das auto-estradas. É preciso “é puxar os cordões à bolsa”…
Somos, a nível mundial, o maior produtor e exportador de cortiça! Até ver…
Mas, atenção a uma “pequenina” nação asiática que dá pelo nome de China e que está a intensificar o cultivo de sobreiros em Marrocos!… Vejam bem!
Em contrapartida, a Corticeira Amorim- a maior de Portugal, como é sabido- parece (utilizo aqui a expressão que li) “ que está a colocar os cangurus a cheirar cascas de sobreiro na longínqua Austrália”. Nunca as mãos lhe doam!
Confiemos que esta e outras iniciativas de caráter económico tenham continuidade e o devido apoio, a bem do nosso querido PORTUGAL.
Quinta da Piedade, 11 de agosto de 2014
JGRBranquinho

1 comentário:

  1. É, na verdade, um bem inestimável que, felizmente já muitos consideram e utilizam nas suas variadas e ecológicas funções. Gostei do apontamento.

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