UM POUCO DA MINHA VIDA
Calcorreei estradas,
caminhos e veredas do Alentejo.
Conheci montes,
colinas, outeiros, planícies e vales profundos, uns habitados, outros não, mas
onde a Natureza se mostrava em todo o seu esplendor.
Andei por terras que
o mapa não contempla.
Conheci pessoas de todas as classes
trabalhadoras, desde agricultores, canastreiros, carpinteiros, serralheiros,
ferradores e barbeiros, e até… bruxas e soldadores- os bem conhecidos
curandeiros a que muitos recorreram e alguns ainda recorrem.
Ajudei o meu pai em
tarefas da sua atividade, tanto agrícola como em outras a que ele se dedicou,
mas sempre ligadas ao campo
A par dos estudos na
minha aldeia, em Portalegre, Évora e Lisboa, fiz parte de dois Grupos de Teatro
Amador- o primeiro na minha aldeia dirigido pelo meu amigo Roque- natural de
Lisboa- mas filho dum casal meu conterrâneo; o segundo, o do meu clube - o
Sporting Clube de Portugal, onde também fiz parte do Grupo Coral.
Vivi no campo durante
as duas primeiras décadas da minha vida e por força de circunstâncias da minha
vida profissional, saí para a grande cidade- a capital do meu País.
Depois de dois anos
de trabalho docente em Portalegre, eis-me colocado em Lisboa no ano letivo de
1959/60- e onde permaneci até me aposentar no ano letivo de 1991/92.
Em Portalegre, trabalhei
na Escola da Fontedeira; em Lisboa nas Escolas n.º 145- Vale Escuro-Penha de
França- 175/190- Olivais Norte- e 24- Bairro se S. Miguel- Alvalade, para além
de durante cinco anos na Administração Geral do Porto de Lisboa, onde lecionei
o antigo 1.º Ciclo do Liceus a empregados da Empresa.
Num repente, vi-me a
trocar o campo e pacatez da sua vida, pelo bulício da Cidade Grande- a maior- a capital de Portugal. Aos poucos… a
adaptação foi-se fazendo e o que era a novidade e estranheza diluiu-se,
ajudadas (também) pelo interesse numa nova vida, procurando tirar dela o melhor,
no exercício de uma profissão inteiramente do meu agrado.
Sim, o trabalho em
contacto com as crianças é motivador! Dia-a-dia vemos o resultado do nosso
trabalho com a agradável vantagem de o fazermos em contacto com os que nos veem
quase como um pai ou como o amigo mais velho que ali está para os encaminhar.
Criam-se amizades
para a vida inteira e, quando os deixamos no final do seu ciclo de
aprendizagem, sentimos a sua falta que irá ser colmatada com a chegada de outros,
aos quais, aos poucos, nos vamos prendendo e afeiçoando. São novos amigos, são
novas amizades que se criam e se hão de cimentar para sempre.
O estímulo recebido
se é o resultado positivo do nosso trabalho diário, é também o dos laços de
amizade que se estabelecem e nos são vida numa vida de quase sacerdócio.
Falo, naturalmente,
pela paixão que o ensino sempre foi para mim, pois desde muito novo gostei de
ensinar, dando, inclusive, explicação gratuita tanto a crianças como a adultos.
Outros dirão o mesmo
das profissões que exercem ou exerceram (frequente é ouvir:-“ gosto do meu
trabalho e não me vejo ou não me via a fazer outro”) mas a docência, é
diferente, especialmente se se faz por gosto, por vocação.
Termino este breve
apontamento, aconselhando todos a que se dediquem de alma e coração à profissão
que escolheram, pois se estão na “ vossa praia” é lícito que a desempenhem a
contento de todos.
Monte Carvalho, 26 de
agosto de 2014
JGRBranquinho
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