A MINHA RELAÇÃO COM A FAMÍLIA MATA
O Emílio e a Salomé conheceram-se, amaram-se ainda muito
novos e novos se casaram religiosamente na Sé Catedral da cidade de Portalegre, na presença de numerosos amigos e familiares.
Tiveram três filhos:- A Maria de Jesus, o Aurelino e o
Fernando ( tendo ainda perdido dois
gêmeos, logo à nascença).
Viveram sempre naquela cidade do Norte Alentejano, ali
criando os três filhos queridos.
O Emílio aposentou-se como funcionário público, depois de vários
outros empregos que sempre desempenhou com empenho e rigor assinaláveis.
A Salomé optou por criar os filhos no seu lar, ficando em
casa como doméstica- como vulgarmente se diz- ajudando o marido nessa e
noutras
tarefas importantes para o bem-estar do seu lar, o que muito contribuiu
para o razoável "modus vivendi" que tinham num tempo também difícil da
história do nosso País.
Foram sempre um casal exemplar e admirado por todos os que
tiveram a felicidade e/ou a grata oportunidade de tomar conhecimento dessa excelente relação, inclusive
na educação dos três filhos, que tanto estremeciam.
Conheci esta simpática família quando passavam as férias de
verão na minha Ribeira de Nisa, numa casa que alugaram muito próxima da minha.
Brinquei com os três filhos- acusando-me a M.ª de Jesus, mais tarde, de ter corrido atrás dela metendo-lhe medo com um sapo.
Só alguns anos depois os voltei a encontrar, embora ficasse sempre a conhecer o pai Emílio, até pela forte razão de ambos sermos sportinguistas, aliás, como era toda a família Mata, tal como a minha e com muita honra- diga-se por ser verdade e disso nos orgulharmos, sempre. Nessa altura, em oito anos, fomos sete vezes campeões.
No ano de 1953, casualmente, voltei a encontrar a Maria de Jesus como minha colega na Escola Industrial Fradêsso da Silveira, cujo curso eu terminei um pouco antes por ser mais velho.
Comecei a segui-la na rua, vindo depois a descobrir quem ela era.
Diga-se, por ser verdade, que era uma rapariga alta e muito elegante, que dava nas vistas e, claro, a mim também não me passou despercebida...
Resolvi então escrever-lhe, pedindo-lhe namoro, enviando essa carta por uma prima minha- também de nome Maria de Jesus e que frequentava o mesmo ano na citada Escola Industrial e Comercial.
Escrevi palavras minhas e outras das que eram habituais e já muitos de nós sabíamos de cor por fazerem parte de livros próprios que na altura se vendiam nas papelarias e livrarias da cidade, até quanto a outros aspetos da vida, como modelo a seguir no relacionamento entre as pessoas e entidades comerciais e industriais, religiosas e políticas. Era assim como se diz vulgarmente:- com todos salamaleques.
NOTA:- A propósito, lembro-me do facto de algumas raparigas, que não aceitavam namoro, aconselharem os pretendentes a verem a resposta numa dada página do citado livro. Era o descalabro total! Era motivo de risota a que alguns não escapavam.
Aguardei uns dias que me pareceram longos- tal a ansiedade em que estava- e, também, por recear (porque não confessá-lo) " levar uma nega" ou "uma tampa" como se dizia nessa época.
Finalmente, lá chegou a desejada carta a aceitar a minha proposta de namoro, mas só depois de ouvir a opinião dos pais!
Os tempos eram o que eram e, por azar meu, o pai Emílio era muito exigente não consentindo que eu a acompanhasse na rua, permitindo o namoro à janela mas só nas quartas-feiras e domingos! Um pouco mais tarde tive a permissão de sair nos domingos à tarde mas na companhia da mãe- a D. Salomé.
Era assim naquele tempo e, embora contrariados, tínhamos que nos contentar com isso, sem embargo de numa ou noutra vez transgredirmos as regras estabelecidas, mas sempre receosos, especialmente a Maria de Jesus...
Ambos estudávamos, agora em cursos e escolas diferentes:- A Maria de Jesus na Escola Comercial (que ela, aliás, ajudou a fundar por incumbência do então Diretor Dr. António Pratas e eu no ensino liceal como aluno externo, tendo como professores dois grandes senhores:- O Dr. José Garção Nunes e o Dr. Francisco Calado Godinho Barrocas, com os quais muito aprendi e de que guardo as melhores recordações.
Os anos foram passando e ambos terminámos os cursos em Portalegre. Por motivo do serviço militar como miliciano- em Lisboa, Évora e Coimbra- interrompi os estudos, que só retomei depois em Évora na Escola do Magistério Primário.
Concluído o curso, exerci a função docente durante dois anos em Portalegre- Escola da Fontedeira, fixando-me, a partir daí, em Lisboa, onde me aposentei, depois de ter obtido na década de setenta o Curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.
Voltando à família Mata e especialmente ao meu relacionamento com a Maria de Jesus, casámos em Fátima no dia 28 de dezembro de 1958, alugando uma camioneta de passageiros e deslocando-se outros em carro próprio, tendo levado o meu vizinho padre Aníbal para nos casar. Aliás, como alguns casais não levavam padre, foi ele que ali os casou.
O repasto foi na Pensão "OS TRÊS PASTORINHOS", por sinal muito bem servido, de acordo com o que estava na ementa.
Montámos casa em Portalegre na Quinta de S. Nicolau, às Brasileiras, até mudarmos para Lisboa onde passámos a viver, primeiro no 4.º andar do n.º 27 do Largo do Conde Barão, seguindo-se uma casa na Rua G à R. Capitão Roby (onde vivemos trinta meses) e as de Olivais Norte,(onde vivemos 22 anos e onde agora reside a minha filha Teresa) e a do Prior Velho, que vendi em 2005, após a morte de minha mulher no ano de 2003.
Após essa fatalidade, comprei com a minha filha Dulce, uma nova casa em 2005 onde agora vivemos- Quinta da Piedade, na Póvoa de S.ta Iria.
A minha mulher- a Maria de Jesus- que tive a infelicidade de perder após quase 45 anos de casados, exerceu as profissões de escriturária e mais tarde a de desenhadora na Direção Geral de Urbanização em Lisboa, funções que desempenhou com o maior brilho, a par da criação e educação das filhas e da excelente orientação do nosso lar.
O destino quis que assim fosse. Hoje, saudoso e triste, não esqueço nem jamais esquecerei, todos os momentos bons e até os difíceis porque passámos juntos no nosso lar.
Tivémos duas filhas :- A Maria Dulce- hoje professora de Inglês no Ensino Oficial e a Teresa Maria, responsável pelo Serviço num Centro de Saúde de Lisboa.
Deram-nos dois netos:- O Bernardo Manuel e o João Francisco, hoje já estudantes universitários e que considero como mais dois filhos.
Mantenho, ainda hoje, uma boa relação com os membros da família Mata, uns vivendo em Lisboa e outros ainda em Portalegre, encontrando-nos sempre que possível.
Foi numa boa hora que me relacionei com a FAMÍLIA MATA.
Quinta da Piedade, 25 de outubro de 2014 (Dia de anos da minha filha Dulce)
JGRBranquinho
Só alguns anos depois os voltei a encontrar, embora ficasse sempre a conhecer o pai Emílio, até pela forte razão de ambos sermos sportinguistas, aliás, como era toda a família Mata, tal como a minha e com muita honra- diga-se por ser verdade e disso nos orgulharmos, sempre. Nessa altura, em oito anos, fomos sete vezes campeões.
No ano de 1953, casualmente, voltei a encontrar a Maria de Jesus como minha colega na Escola Industrial Fradêsso da Silveira, cujo curso eu terminei um pouco antes por ser mais velho.
Comecei a segui-la na rua, vindo depois a descobrir quem ela era.
Diga-se, por ser verdade, que era uma rapariga alta e muito elegante, que dava nas vistas e, claro, a mim também não me passou despercebida...
Resolvi então escrever-lhe, pedindo-lhe namoro, enviando essa carta por uma prima minha- também de nome Maria de Jesus e que frequentava o mesmo ano na citada Escola Industrial e Comercial.
Escrevi palavras minhas e outras das que eram habituais e já muitos de nós sabíamos de cor por fazerem parte de livros próprios que na altura se vendiam nas papelarias e livrarias da cidade, até quanto a outros aspetos da vida, como modelo a seguir no relacionamento entre as pessoas e entidades comerciais e industriais, religiosas e políticas. Era assim como se diz vulgarmente:- com todos salamaleques.
NOTA:- A propósito, lembro-me do facto de algumas raparigas, que não aceitavam namoro, aconselharem os pretendentes a verem a resposta numa dada página do citado livro. Era o descalabro total! Era motivo de risota a que alguns não escapavam.
Aguardei uns dias que me pareceram longos- tal a ansiedade em que estava- e, também, por recear (porque não confessá-lo) " levar uma nega" ou "uma tampa" como se dizia nessa época.
Finalmente, lá chegou a desejada carta a aceitar a minha proposta de namoro, mas só depois de ouvir a opinião dos pais!
Os tempos eram o que eram e, por azar meu, o pai Emílio era muito exigente não consentindo que eu a acompanhasse na rua, permitindo o namoro à janela mas só nas quartas-feiras e domingos! Um pouco mais tarde tive a permissão de sair nos domingos à tarde mas na companhia da mãe- a D. Salomé.
Era assim naquele tempo e, embora contrariados, tínhamos que nos contentar com isso, sem embargo de numa ou noutra vez transgredirmos as regras estabelecidas, mas sempre receosos, especialmente a Maria de Jesus...
Ambos estudávamos, agora em cursos e escolas diferentes:- A Maria de Jesus na Escola Comercial (que ela, aliás, ajudou a fundar por incumbência do então Diretor Dr. António Pratas e eu no ensino liceal como aluno externo, tendo como professores dois grandes senhores:- O Dr. José Garção Nunes e o Dr. Francisco Calado Godinho Barrocas, com os quais muito aprendi e de que guardo as melhores recordações.
Os anos foram passando e ambos terminámos os cursos em Portalegre. Por motivo do serviço militar como miliciano- em Lisboa, Évora e Coimbra- interrompi os estudos, que só retomei depois em Évora na Escola do Magistério Primário.
Concluído o curso, exerci a função docente durante dois anos em Portalegre- Escola da Fontedeira, fixando-me, a partir daí, em Lisboa, onde me aposentei, depois de ter obtido na década de setenta o Curso de Ciências Pedagógicas da Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.
Voltando à família Mata e especialmente ao meu relacionamento com a Maria de Jesus, casámos em Fátima no dia 28 de dezembro de 1958, alugando uma camioneta de passageiros e deslocando-se outros em carro próprio, tendo levado o meu vizinho padre Aníbal para nos casar. Aliás, como alguns casais não levavam padre, foi ele que ali os casou.
O repasto foi na Pensão "OS TRÊS PASTORINHOS", por sinal muito bem servido, de acordo com o que estava na ementa.
Montámos casa em Portalegre na Quinta de S. Nicolau, às Brasileiras, até mudarmos para Lisboa onde passámos a viver, primeiro no 4.º andar do n.º 27 do Largo do Conde Barão, seguindo-se uma casa na Rua G à R. Capitão Roby (onde vivemos trinta meses) e as de Olivais Norte,(onde vivemos 22 anos e onde agora reside a minha filha Teresa) e a do Prior Velho, que vendi em 2005, após a morte de minha mulher no ano de 2003.
Após essa fatalidade, comprei com a minha filha Dulce, uma nova casa em 2005 onde agora vivemos- Quinta da Piedade, na Póvoa de S.ta Iria.
A minha mulher- a Maria de Jesus- que tive a infelicidade de perder após quase 45 anos de casados, exerceu as profissões de escriturária e mais tarde a de desenhadora na Direção Geral de Urbanização em Lisboa, funções que desempenhou com o maior brilho, a par da criação e educação das filhas e da excelente orientação do nosso lar.
O destino quis que assim fosse. Hoje, saudoso e triste, não esqueço nem jamais esquecerei, todos os momentos bons e até os difíceis porque passámos juntos no nosso lar.
Tivémos duas filhas :- A Maria Dulce- hoje professora de Inglês no Ensino Oficial e a Teresa Maria, responsável pelo Serviço num Centro de Saúde de Lisboa.
Deram-nos dois netos:- O Bernardo Manuel e o João Francisco, hoje já estudantes universitários e que considero como mais dois filhos.
Mantenho, ainda hoje, uma boa relação com os membros da família Mata, uns vivendo em Lisboa e outros ainda em Portalegre, encontrando-nos sempre que possível.
Foi numa boa hora que me relacionei com a FAMÍLIA MATA.
Quinta da Piedade, 25 de outubro de 2014 (Dia de anos da minha filha Dulce)
JGRBranquinho
Primo e sobrinho Eduardo
Deixo-te esta crónica para que faças dela o uso que te aprouver. Agradeço-te que dês conhecimento dela à família.
Abraço.
JBranquinho
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