domingo, 16 de novembro de 2014

NA MINHA RIBEIRA




NA MINHA RIBEIRA
Junto a esta ribeira- à minha querida e bonita ribeira, sinto-me menos velho, como se o tempo não tivesse passado por mim!
Nela passei grandes momentos no tempo da infância e juventude, que hoje aqui recordo com saudade.
Aqui estreei meus pequenos barcos de papel, aqui nadei, aqui pesquei num louco entusiasmo, procurando enriquecer a minha safra piscatória, sem embargo de algumas vezes, (verificada a pequenez dos peixes) os ter voltado a deitar à água.
Aqui me deliciei a ouvir a alegre e diligente passarada, simultaneamente com o som da corrente e, um pouco mais abaixo, ao som cantado e ruídoso das quedas de água junto ao pontão velho de madeira esburacada, que, por vezes, nas grandes cheias, se desfazia, indo na enxurrada.
Era um espetáculo tão grandioso como assustador, que levava novos e velhos a correr para aqui, para verem, embora um tanto à distância, a cavalgada das águas de enxurrada que quase tudo levavam à sua frente, invadindo, também, as propriedades à sua volta.
Hoje, em vez desse velhinho pontão, (os tempos mudaram) temos uma ponte à prova das fortes correntes no inverno, ou das assustadoras “trovoadas molhadas” como por aqui se dizia e diz por antinomia com as que não trazem chuva e denominadas “trovoadas secas”.
É esta ponte muito mais segura e já não serve só para os peões, como é bom de ver, fluindo por ela por todo o trânsito, também já servido por uma nova estrada alcatroada.
As imponentes árvores (aveleiras, nogueiras, freixos e amieiros na sua maior parte) que ladeiam a ribeirinha do meu encanto, ali se mantêm numa parte ainda significativa, para meu encantamento e simultaneamente das aves do campo que ali habitam, constroem os ninhos e criam seus filhotes.
Esta minha ribeira, vinda da Serra de S. Mamede, que tem uma significativa grandeza e utilidade na zona, regando hortas e pomares, vai desaguar na Barragem Hidroelétrica  de Póvoa e Meadas, após percorrer largas dezenas de quilómetros.
Antigamente, era aqui que as mulheres vinham lavar a roupa, colocando pedras inclinadas apropriadas à sua tarefa, junto dos chamados pegos que ao longo da corrente havia nas partes mais fundas.
Era útil e assim continua a ser, a minha ribeira! A ribeira do meu Monte Carvalho da minha freguesia de Ribeira de Nisa, a cinco quilómetros da cidade de Portalegre.
Voltar aqui, é sempre um regalo para os meus sentidos.
Bendita sejas, minha querida ribeira!
Junho de 2014
JGRBranquinho

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