NA MINHA RIBEIRA
Junto a esta ribeira-
à minha querida e bonita ribeira, sinto-me menos velho, como se o tempo não
tivesse passado por mim!
Nela passei grandes
momentos no tempo da infância e juventude, que hoje aqui recordo com saudade.
Aqui estreei meus
pequenos barcos de papel, aqui nadei, aqui pesquei num louco entusiasmo, procurando
enriquecer a minha safra piscatória, sem embargo de algumas vezes, (verificada
a pequenez dos peixes) os ter voltado a deitar à água.
Aqui me deliciei a
ouvir a alegre e diligente passarada, simultaneamente com o som da corrente e,
um pouco mais abaixo, ao som cantado e ruídoso das quedas de água junto ao
pontão velho de madeira esburacada, que, por vezes, nas grandes cheias, se
desfazia, indo na enxurrada.
Era um espetáculo tão
grandioso como assustador, que levava novos e velhos a correr para aqui, para
verem, embora um tanto à distância, a cavalgada das águas de enxurrada que
quase tudo levavam à sua frente, invadindo, também, as propriedades à sua
volta.
Hoje, em vez desse
velhinho pontão, (os tempos mudaram) temos uma ponte à prova das fortes
correntes no inverno, ou das assustadoras “trovoadas molhadas” como por aqui se
dizia e diz por antinomia com as que não trazem chuva e denominadas “trovoadas
secas”.
É esta ponte muito mais
segura e já não serve só para os peões, como é bom de ver, fluindo por ela por todo
o trânsito, também já servido por uma nova estrada alcatroada.
As imponentes árvores
(aveleiras, nogueiras, freixos e amieiros na sua maior parte) que ladeiam a
ribeirinha do meu encanto, ali se mantêm numa parte ainda significativa, para
meu encantamento e simultaneamente das aves do campo que ali habitam, constroem
os ninhos e criam seus filhotes.
Esta minha ribeira,
vinda da Serra de S. Mamede, que tem uma significativa grandeza e utilidade na
zona, regando hortas e pomares, vai desaguar na Barragem Hidroelétrica de Póvoa e Meadas, após percorrer largas
dezenas de quilómetros.
Antigamente, era aqui
que as mulheres vinham lavar a roupa, colocando pedras inclinadas apropriadas à
sua tarefa, junto dos chamados pegos que ao longo da corrente havia nas partes
mais fundas.
Era útil e assim
continua a ser, a minha ribeira! A ribeira do meu Monte Carvalho da minha
freguesia de Ribeira de Nisa, a cinco quilómetros da cidade de Portalegre.
Voltar aqui, é sempre
um regalo para os meus sentidos.
Bendita sejas, minha
querida ribeira!
Junho de 2014
JGRBranquinho
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