quinta-feira, 20 de novembro de 2014

REFLETINDO-- I



REFLETINDO  - I
Eu não sei porque me lembro tanto do meu passado, volvidos tantos anos!
Durante muito tempo não dei tanta importância a essa fase da minha vida.
Vivi com outras prioridades, perante outras preocupações no exercício das minhas funções e daí, talvez, o julgá-lo já esquecido.
Nunca pensei que fosse assim tão importante de modo a ficar gravado na minha mente sem que eu me apercebesse
Que registo é este?! Que maravilha, o nosso cérebro! Quando julguei ter tudo no fundo do meu rio “letes”, bem lá no fundo, eis que agora me vêm à lembrança situações e episódios, com tal precisão, que me sinto a vivê-los como se fossem ainda muito recentes.
Tempos vividos com intensidade, sim, mas outros e outros se sucederam, se acumularam e, dadas as voltas que a vida dá, as preocupações de alcançar algo mais para poder ter um futuro mais seguro, quiçá garantido, levaram a que fossem esquecidos.
Mais tarde, também, pela necessidade de, ao estar já numa atividade profissional e ter que desempenhá-la a contento, as responsabilidades aumentarem e nesse lufa- lufa dos dias de trabalho e responsabilidades familiares, as coisas foram ficando arrumadas- esquecidas- julgando eu que para sempre.
Já me tinham dito que isto acontece nas pessoas idosas e, hoje em dia, confirmo que isto está a acontecer comigo. Porque estou menos ocupado e tenho mais tempo para refletir? Ceio que seja uma das principais razões, ficando assim mais tranquilo, por saber agora que o que se passa comigo é normal, acontecendo também ter por vezes os momentos do“joão esquecido” em relação a situações mais recentes. Tudo, afinal, confirmando o que ouvia há muitos anos aos meus ascendentes. Felizmente que é natural, sem ter que me alarmar.
Infinitamente pior (que Deus nos livre) é o tal alemão- o alzheimer- que um dia nos pode afetar.
Portanto, vou ficando mais descansado com os esquecimentos do presente e passado recente, sob a proteção e companhia do nosso “joão esquecido, e tendo a felicidade de recordar muito do meu passado mais longínquo- afinal bem guardadinho no meu cérebro-  e que posso deixar para a posteridade (quem sabe?) para alguns familiares e amigos conhecerem um pouco do que foi a minha vida e como ela era nos meus tempos de juventude.
Dizem alguns, brincando, que velhos são os trapos e a muita idade é apenas um acumular de juventude. Portanto, não somos velhos!
Agradeço a Deus por poder, nesta fase da minha vida, comprovar o que a muitos assusta, mas que afinal, sem o ataque do tal alemão (livra!) é normal, é próprio do avançar dos anos.
Portanto, amigos, coração ao alto! Nada de alarmismos perante algumas falhas de memória.Vivamos com tranquilidade, lembrando com saudade as coisas boas do nosso passado mais distante, vigiando a preciosa saúde e dando graças a Deus por termos chegado até aqui.

Termino com uma quadra do filósofo Agostinho da Silva

           "Quando caminhava o santo
             andava como esquecido
             pois talvez seja morrer
             não lembrar o ter vivido".
Quinta da Piedade, 20 de novembro de 2014
JGRBranquinho

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