REFLETINDO - I
Eu não sei porque me lembro tanto do meu passado, volvidos
tantos anos!
Durante muito tempo não dei tanta importância a essa fase da
minha vida.
Vivi com outras prioridades, perante outras preocupações no
exercício das minhas funções e daí, talvez, o julgá-lo já esquecido.
Nunca pensei que fosse assim tão importante de modo a ficar
gravado na minha mente sem que eu me apercebesse
Que registo é este?! Que maravilha, o nosso cérebro! Quando
julguei ter tudo no fundo do meu rio “letes”, bem lá no fundo, eis que agora me
vêm à lembrança situações e episódios, com tal precisão, que me sinto a
vivê-los como se fossem ainda muito recentes.
Tempos vividos com intensidade, sim, mas outros e outros se
sucederam, se acumularam e, dadas as voltas que a vida dá, as preocupações de
alcançar algo mais para poder ter um futuro mais seguro, quiçá garantido, levaram
a que fossem esquecidos.
Mais tarde, também, pela necessidade de, ao estar já numa
atividade profissional e ter que desempenhá-la a contento, as responsabilidades
aumentarem e nesse lufa- lufa dos dias de trabalho e responsabilidades
familiares, as coisas foram ficando arrumadas- esquecidas- julgando eu que para
sempre.
Já me tinham dito que isto acontece nas pessoas idosas e,
hoje em dia, confirmo que isto está a acontecer comigo. Porque estou menos
ocupado e tenho mais tempo para refletir? Ceio que seja uma das principais
razões, ficando assim mais tranquilo, por saber agora que o que se passa comigo
é normal, acontecendo também ter por vezes os momentos do“joão esquecido” em
relação a situações mais recentes. Tudo, afinal, confirmando o que ouvia há
muitos anos aos meus ascendentes. Felizmente que é natural, sem ter que me
alarmar.
Infinitamente pior (que Deus nos livre) é o tal alemão- o
alzheimer- que um dia nos pode afetar.
Portanto, vou ficando mais descansado com os esquecimentos
do presente e passado recente, sob a proteção e companhia do nosso “joão esquecido,
e tendo a felicidade de recordar muito do meu passado mais longínquo- afinal bem
guardadinho no meu cérebro- e que posso
deixar para a posteridade (quem sabe?) para alguns familiares e amigos
conhecerem um pouco do que foi a minha vida e como ela era nos meus tempos de
juventude.
Dizem alguns, brincando, que velhos são os trapos e a muita
idade é apenas um acumular de juventude. Portanto, não somos velhos!
Agradeço a Deus por poder, nesta fase da minha vida,
comprovar o que a muitos assusta, mas que afinal, sem o ataque do tal alemão (livra!)
é normal, é próprio do avançar dos anos.
Portanto, amigos, coração ao alto! Nada de alarmismos perante algumas falhas de memória.Vivamos
com tranquilidade, lembrando com saudade as coisas boas do nosso passado mais distante, vigiando a preciosa saúde e dando graças a Deus por termos
chegado até aqui.
Termino com uma quadra do filósofo Agostinho da Silva
"Quando caminhava o santo
andava como esquecido
pois talvez seja morrer
não lembrar o ter vivido".
Termino com uma quadra do filósofo Agostinho da Silva
"Quando caminhava o santo
andava como esquecido
pois talvez seja morrer
não lembrar o ter vivido".
Quinta da Piedade, 20 de novembro de 2014
JGRBranquinho
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