NUMA NOITE DE MAU
TEMPO
Chove lá fora
torrencialmente!
Assusta o seu ímpeto,
também por força deste vento forte que se faz sentir e ouvir, assobiando pelas
frinchas das portas e janelas, levantando telhados, sacudindo as pobres árvores
que por vezes se quebram ou acabam por cair.
No conforto do meu
lar, manobrando o computador, lembro os que andam na rua a esta hora tardia,
quem sabe, se sem disporem do abrigo de um teto onde se acoitem, sofrendo do
tempo a sua inclemência.
Todos sabemos da
importância que a chuva tem nas nossas vidas, mas quem é que ao fim de meia
dúzia de dias de mau tempo, se não fartou dela?!
Pena que não chovesse
apenas moderadamente, quando não causasse prejuízos, e quando as pessoas
estivessem a bom recato nos seus lares, refazendo forças para um novo dia de
trabalho!
“Sol na eira e água
nabal”, como diz o povo.
Pois é, seria o
ideal, mas não é assim e há que saber levar com paciência, cada um
defendendo-se o melhor que souber e… puder, claro.
A agravar esta
medonha situação, ouço agora os trovões já anunciados pelos relâmpagos que
iluminam esta tremenda noite de invernia ainda em pleno outono.
É mais uma achega
brutal que apesar da existência de para-raios nos assusta desde crianças.
Há quem reze a Santa
Bárbara, quem escolha um lugar dentro da própria casa, onde se sinta mais
seguro, até por conselhos anteriormente ouvidos da parte dos mais velhos e
experientes. No entanto, existe um receio comum entre os que habitam a mesma
casa ou local de trabalho, como por exemplo, o afastar-se de objetos metálicos e
outras medidas de precaução que um dia, alguém (mais sabedor) aconselhou e se
crê poderem ser eficazes no ultrapassar destes sustos que se temem desde os
tempos da antiguidade.
De momento a trovoada
acalmou um pouco e ouço já as ambulâncias dos bombeiros na rua, apesar da chuva
continuar a bater forte, auxiliada pela ventania agreste.
Amanhã, ouço agora
uma informação radiofónica, o tempo vai estar melhor e será altura de se poder
verificar e avaliar o tamanho dos estragos causados, que, infelizmente, admito
serem bastante significativos, tanto na terra como no mar (pobres pescadores!) para além dos lamentos de todos quantos sofreram os efeitos
da intempérie noutros locais.
É assim a Natureza e
as suas contradições, umas vezes agressiva, outras, felizmente, mais acolhedora
e atraente, com belos dias de sol e noites de luar inspirador, dando-nos,
então, a alegria de a podermos desfrutar em pleno.
De tudo se compõe a vida. Perante esta
dicotomia, com o decorrer dos anos, se enriquece a nossa experiência, dando-nos
a capacidade de resolução de muitos dos problemas que nos afetam ao longo dos
tempos.
É a vida e as suas
circunstâncias a darem-nos algum cabedal de conhecimentos, ajudando-nos a
enfrentar as dificuldades surgidas no nosso dia-a-dia.
Se tudo fosse um mar
de rosas à nossa volta, nunca desenvolveríamos capacidades de luta e o nosso
engenho estagnaria. O bem e o mal sempre de braço dado, apelando à nossa
imaginação, à nossa criatividade. Conhecermos o mal para também sabermos
saborear melhor o bem.
Outono de 2014
JGRBranquinho
Gostei de ler.
ResponderEliminarOlá, Amiga Maria!
ResponderEliminarObrigado por teres lido e deixado o teu comentário que para mim é um bom estímulo..
Quando eu tiver tudo num ficheiro, conversaremos.
Beijinhos.