AH! HOMEM DUMA CANA! AH! MULHER DUMA CANA !
Esta, a expressão que hoje recordo.
Ouvi-a há muitos anos, pela primeira vez, na minha Ribeira de Nisa.
Era uma expressão de muita admiração por aqueles ou aquelas que se distinguiam num qualquer ramo de atividade.
Era muito frequente naquele tempo, constituindo, até, um forte incentivo para quem, por obra sua, se tornava digno da admiração das pessoas que os viam como alguém mais sábio, mais forte, mais competente no âmbito das tarefas que lhe incumbiam.
Expressões que quase caíram em desuso, e de tal modo que, fazendo eu uma experiência há tempos, verifiquei que muitos a desconheciam.
Antigamente dava-se muita importância a expressões que tinham, até, um sentido engraçado e refletiam com propriedade situações do dia-a-dia, tais como esta em que se demonstrava admiração por alguém e era, simultaneamente, um elogio que agradava, logicamente, àqueles a quem se dirigia, constituindo um incentivo para continuarem, e, se possível, aprimorarem as suas qualidades.
Recordo, também, algumas de acusação, de censura, como :- "não tem careio", " mau como as cobras" " tem o diabo no corpo" " mal azado", etc. etc.. que talvez nos meios rurais ainda se mantenham.
Recordo, também, o uso dos ditados, que os havia, bem ajustados, para a grande maioria das situações.
Quanto a estes, surgem, agora, algumas pessoas que num trabalho meritório de prospeção - como foi o caso da minha amiga Deolinda Milhano, que conseguiu reunir vinte e cinco mil ditados populares, e se apresta para uma nova publicação correta e aumentada, que em breve teremos ao nosso dispor.
São tudo formas louváveis de recuperar expressões da nossa identidade que são nosso património, enriquecendo a nossa língua e mostrando aos mais jovens, ditos de espírito que eram de uso corrente no passado, mantendo bem vivas essas nossas ancestrais tradições.
Constituíam e ainda por vezes constituem um bom recurso da língua, nos contactos diários. Quantas vezes se recorre a eles para acentuar ideias, valorizando o teor das conversas ou reforçando uma afirmação de cada um dos interlocutores.
Por isso, amigos, além da graça própria que têm, não devemos desprezar esse conhecimento ancestral que ilustra e enriquece uma boa conversa. Se são úteis, porque deixá-los no esquecimento?!
Ainda bem que há pessoas que os utilizam, transmitindo-os no seu dia-a-dia aos seus comparsas e outras que os publicam, de modo a ficarem registados para a posteridade.
Eu utilizo-os com frequência, por hábito já muito antigo e porque gosto.
NOTA:-Comecei por uma expressão, também antiga e acabei nos ditados. Não me levem a mal.
O meu OBRIGADO aos que me lerem, fazendo, claro, cada um o seu juízo.
Quinta da Piedade, 4 de julho de 2014
JGRBranquinho
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