Terça-feira, 8 de Julho de 2014
MEUS SONHOS - MINHA DESILUSÃO
Quis o melhor dos mundos em meus sonhos
de criança e até da juventude.
Sonhei poder viver longe de intrigas,
invejas, traições, discriminações, etc., em uma outra terra- uma terra
diferente da que habitamos.
Na minha ingenuidade dos verdes anos,
julgava possível uma outra sociedade no nosso meio, onde as pessoas se amassem
e, ao menos, se respeitassem!
Isto aconteceu em mim, isto é, dei por
isso, quando comecei a conhecer um pouco melhor as pessoas à minha volta, o que
aconteceu logo a seguir à minha saída do meu lugar de nascimento- feita a 4.ª
classe do ensino primário-e ao ingressar na Escola Industrial Fradêsso da
Silveira, na cidade de Portalegre.
Aí, mercê de novos e mais alargados
contactos, comecei a surpreender-me desagradavelmente causando em mim as
primeiras revoltas por uma atmosfera nublada, desilusão amarga, bem contrária à
que até ali vivera no meu meio, junto dos meus familiares, dos amigos de
infância, e das pessoas mais velhas que tanto considerava, vendo-as como amigas
e mais sábias, que eu muito respeitava, que eu ouvia e admirava.
Cheguei a pedir a meus pais que não
queria estudar mais e me tirassem da Escola, preferindo voltar ao meu Monte
Carvalho e enveredar pela atividade duma vida no campo, inclusive pelo trabalho
de negócio do meu pai:- negociante de frutas e legumes e com uma pequena
indústria de cabazes e madeiras de castanho.
Atraía-me a vida longe da cidade, em
contacto com a Natureza. Só não foi assim porque tinha a possibilidade de
voltar a casa todos os dias e, aos poucos, lá me fui convencendo e habituando,
com a esperança de que, com mais alguns estudos, poderia vir um dia, então,
encetar uma outra vida mais de acordo com os meus gostos.
Ao terceiro ano da Escola não me
matriculei, mas o Sr. José Gonçalves - filho da minha pensionista, D. Maria
D’Assunção de Sousa Alvim Carvalho da Vaza Gonçalves- por mim e por meus pais o
fez, pagando multa por já ser fora do prazo.
Lá continuei até terminar o Curso de
cinco anos e, já mais adaptado, fiz o Liceu.
Depois, continuei a estudar, fiz o
serviço militar em Lisboa, Évora e Coimbra (com manobras em S.ta Margarida)
surgindo, então, a ideia de ingressar na Escola do Magistério Primário em
Évora, cujo curso completei em 1957, com a nota de 15 valores.
Comecei, nesse mesmo ano, a minha
atividade docente em Portalegre- Escola da Fontedeira- onde permaneci dois
anos, transferindo-me, então, para Lisboa, onde, apesar da atividade docente,
continuei a estudar- no Instituto Superior de Serviço Social e na Faculdade de
Letras da Universidade Clássica de Lisboa, onde obtive o Curso de Ciências
Pedagógicas.
Trabalhei, também com docente, na
Administração Geral do Porto de Lisboa e na Telescola, tendo fundado um Centro
de Postos na Zona dos Olivais, por onde passaram centenas de alunos, pois não
havia ali, ao tempo, Escolas do Ensino Preparatório.
Hoje, já aposentado, tenho como hobbies
mais agradáveis, a Poesia, a Música e o Canto. Publiquei o livro de Poesia
–“CANTOS DO MEU CANTO” e colaborei em cerca de meia centena de Antologias de
Poesia e Prosa Poética Portuguesa Contemporânea, para além de trabalhos em
poesia e prosa em jornais e revistas
Dirijo o Departamento de Cultura e
Recreio do Sporting Clube de Portugal, onde tenho “ A TERTÚLIA CANTO E POESIA”,
“O CORO POLIFÓNICO” e a “SECÇÃO FILATÉLICA”.
Sou membro de algumas Tertúlias em
Lisboa, Setúbal e Portalegre e participo em apresentação de Exposições de
Pintura e Lançamento de Livros, como convidado.
Ah! Já me esquecia!...
Lembrei-me, curiosamente, de escrever
este apontamento, no dia dos meus anos, sempre saudoso do meu Norte Alentejo e
dos familiares e amigos do peito que lá perdi.
Volto repetidas vezes- e sempre com
muito agrado- ao meu lugar, à minha velha casa no meu Monte Carvalho- Ribeira
de Nisa- Portalegre- uma casa à vossa disposição.
Quinta da Piedade, 8 de julho de 2014
JGRBranquinho
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