quinta-feira, 17 de julho de 2014

VOLVENDO AO TEMPO DA MOCIDADE



VOLVENDO AO TEMPO DA MOCIDADE
Era uma moça linda, atraente como não vira! Encontrei-a, por acaso, numa velha estrada, embora para ali me tenha deslocado com a intenção de a poder ver, aproximando-me da casa onde sabia que ela estava temporariamente. Tinha-me falado nela um amigo de infância- que já a teria visto ou, então, de quem lhe tinham feito as mais elogiosas referências, não precisando hoje, como foi exatamente, volvidos que foram tantos anos. Sei que foi ele- o António- o primeiro a falar-me dela, com admiração. Ele era ligeiramente mais novo que eu e confiava-me muitas das suas preocupações, assim como, também, relativamente a aspirações que tinha na vida, vendo em mim como que um conselheiro. Ele já não estudava, tendo feito apenas a 4.ª classe. Agora, ajudava o pai no ofício de canastreiro, que na altura- década de quarenta… cinquenta- era ali na minha zona, a maior ocupação das famílias, para além da agricultura.
Aos fins- de- semana encontrávamo-nos com relativa frequência e íamos juntos até à cidade de Portalegre, para uma ida ao cinema ou ao futebol, por vezes acompanhados de outros rapazes do sítio. Eram as duas distrações principais, fugindo do perigo das tabernas- único entretém na aldeia- e de que a família procurava afastar-nos, especialmente as nossas mães, conhecedoras dos malefícios do álcool. Calcula-se, facilmente, porquê…
Ainda fundei ali um clube de futebol que intitulei de Sporting Clube Ribeirense ( pudera... se eu já era sportinguista!...) jogando no largo da aldeia, em terra batida, onde deitávamos os joelhos abaixo e trocávamos algumas caneladas, sem que tivéssemos ido muito longe, perdendo a maior parte dos jogos com outros grupos que ali vinham jogar. Sempre era um atrativo diferente para quem quase nada tinha. Solicitando colaboração ao Sporting Clube de Portugal, tivémos essa atenção por parte da Direção presidida pelo Dr. António Ribeiro Ferreira- um dos grandes presidentes do meu SPORTING.
Ora, assim íamos vivendo, embora com motivos de vida diferentes, pois só eu e um outro rapaz, estudámos na cidade.
No entanto, a nossa amizade foi-se cimentando à medida que íamos crescendo no mesmo meio, se bem que com interesses diferentes, já que a maioria não estudava e o nosso convívio quase se resumia aos fins- de- semana.
Ia eu procurando falar-vos da tal menina bonita, e descarrilei com este alongado parêntesis, que como é contemporâneo da informação que recebi do meu amigo António, espero me perdoem.
Então, voltando atrás, devo confessar-vos que aquele encontro na velha estrada, foi o princípio dum grande amor!
Tempos de ventura, em muita aventura, dadas as circunstâncias que pesaram sobre as nossas vidas. Nem sempre o coração resiste ao infortúnio…
A ligação durou cerca de três anos algo agitados, mas também de alguma felicidade- pois, parafraseando o Poeta- foi infinita enquanto durou.
Cada um seguiu a sua vida em linhas paralelas e sabe-se que estas nunca se encontram…
Hoje, ainda encontramos motivo para falar, recordando cenas entre si contraditórias, até com alguma saudade, pois éramos jovens na flor da idade e essa não volta mais.
Quinta da Piedade, 17 de julho de 2014
JGRBranquinho
NOTA:-- Neste dia foi inaugurada a SPORTING  T V- às 19.06 h. Fiquei muito bem impressionado. GRANDE SPORTING!


1 comentário:

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