QUANDO ESCREVO
Quando escrevo, sentado à minha secretária ( normalmente à noite ) já depois de cumpridas as tarefas dum dia mais ou menos preenchido, mais ou menos agitado, de acordo com as tarefas a que me impus ou me foram exigidas, relaxo e, então, cumpro esta- que é a de escrever.
Neste ato isolado, silencioso, realizo uma das minhas mais agradáveis ”tarefas”, dando forma às minhas ideias, mostrando algo do que vai dentro de mim:- o que me sensibiliza ou sensibilizou durante as horas dum dia prestes a findar, ou pela lembrança de outras situações que no momento me ocorrem e foram por mim vividas tempos atrás.
Sem esforço- afirmo-o- surgem-me as palavras e vou-as escrevendo, acrescentando uma a uma na construção das frases que hão de constituir o meu texto, para mim importante, sem que o tenha que ser, forçosa e obrigatoriamente, para aqueles que porventura me possam vir a ler um dia.
Se pensasse assim ( e não é por menor respeito) teria mais dificuldades, baseadas numa exigência que adivinharia existir em cada um dos meus possíveis leitores. Assim, escrevo de acordo comigo próprio, sem pensar em julgamentos críticos de outros, e atrevo-me a dar forma ao que me vai na alma- como é costume dizer-se na gíria ( uma frase, aliás, já muito batida) mas a que muitos recorrem e eu também.
Hoje, por sinal, estava um dia de certo modo “mal encarado”, frio, sem sol e cinzento, e saí de casa também pouco bem humorado.
Tinha mesmo que sair e preferi fazê-lo na zona da minha morada- Quinta da Piedade- Póvoa de S.ta Iria, aliás, um sítio muito do meu agrado, devo confessar.
Já o dia ia alto e, feitas as compras no supermercado, parei o carro e fiquei a apreciar o movimento de sexta-feira- sempre mais intenso- quando fui despertado pelo alegre e maravilhoso cantar dos melros, a par de outras aves, que nesta fase do ano andam a fazer as suas conquistas amorosas!
Que regalo para os meus sentidos! Que encanto! Oh! Bendita Natureza!
Não sei se todos vós já parastes um pouco, vivendo ou não nas cidades, e se vos detivestes a ouvir a orquestra natural e admirável que resulta do canto das diversas aves em pleno ciclo amoroso, atraindo as suas companheiras!
Como é bela a Natureza manifestando-se assim por intermédio destes seres silvestres que melhor que ninguém a desfrutam e nela habitam por não terem outro abrigo, tendo nela, afinal, o maior e o melhor abrigo.
Fala de poeta? Um pouco, sim. Mas quem pode ficar indiferente perante um quadro destes?
Numa altura em que nos queixamos- e com razão- da situação difícil que atravessamos (ainda que o desfrutar deste quadro nada resolva dos problemas que nos assolam ) sempre é bom poder sentir o calor da Natureza/Mãe manifestando-se e encantando os nossos sentidos, revigorando por instantes o nosso ser tão carente de bem-estar.
Fala de poeta? Um pouco, sim, mas verdade!
Deus seja louvado!
Quinta da Piedade, 15 de março de 2013
JGRBranquinho
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