segunda-feira, 4 de março de 2013

RECORDANDO


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               RECORDANDO

Da minha infância e juventude, guardo, para sempre, momentos vividos muito longe daqui, envolvendo situações- as mais diversas, como é natural.
Guardo-as no pensamento, ligadas ao coração, partilhadas com a alma.
Dei os primeiros passos no meu sítio- Monte Carvalho- Ribeira de Nisa- Portalegre, na época distante dos anos trinta/quarenta- no tempo da Guerra Civil de Espanha (de que ali se ouviam nitidamente os canhões) e, depois, ainda, dessa outra enorme  tragédia que foi 2.ª Grande Guerra Mundial.
Bem cedo pude dar conta do que é este mundo de desavenças, conhecendo gente que participou em ambas as guerras, alguns, inclusive, como mercenários.
Da Guerra Civil de Espanha, refugiaram-se no meu sítio (quase na fronteira) alguns espanhóis, que viviam muito distantes do resto da população, por receio de poderem vir a ser identificados, certamente.
Depois, foi o tempo da Grande Guerra, com a passagem constante de camionetas com carregamentos dirigidos e orientados pelo nosso Governo, como auxílio (constava ) às populações, numa “jogada" política de estarmos bem com Deus e com o Diabo- não fosse "o diabo tecê-las"- isto é, estar a bem com as Nações Unidas e a Alemanha, pois não se sabia quem iria ganhar a guerra
Da minha terra, lembro-me, também, ter visto partir um alemão-  pessoa muito estimada no meio, casado com uma portuguesa-  e que tinha a esperança de voltar, coitado! Afinal… ele, como tantos outros, iludido pelo governo de Hitler, na convicção de ir cumprir uma nobre missão, e que veio a falecer na guerra, destacado para os serviços de saúde, tendo a mulher a trabalhar na Embaixada de Portugal em Paris, onde recebeu a notícia e os documentos comprovativos da sua morte.
O tempo a decorrer e veio, depois, a entrada na Escola da minha aldeia, a meu pedido- pois não tinha ainda os sete anos, mas já lá estavam os meus amigos mais próximos e eu queria por força, entrar. Minha mãe falou com a senhora professora e lá se conseguiu, embora como aluno ouvinte.
Finda a escolaridade primária, a Escola Industrial Fradesso da Silveira durante cinco anos e só mais tarde, então, o Liceu Mousinho da Silveira, na cidade de Portalegre.
Foram anos de alegrias e desilusões, naturalmente. De amores proibidos, de amores aceites, de estudo e de divertimentos próprios daquela época, com a ameaça de que “chumbando”, se acabavam os estudos, que, segundo” alguns velhos”, era bom para criar malandros! Teorias de gente que não mandava estudar os filhos, claro.
Meus saudosos pais não tinham essa opinião, mas lembravam-me os meus deveres, que lá fui cumprindo o melhor que podia.
Gostava de desporto (futebol, que pratiquei a nível escolar) atletismo, ciclismo, basquetebol, voleibol, bilhar e ténis de mesa ( na altura “ping-pong”) muito por influência dos clubes de Portalegre (eu era do Desportivo ) e do meu Sporting, que acompanhava à distância através do seu Jornal e, também, dos jornais desportivos da época:- “Mundo Desportivo”, “Os Sports” e revista ilustrada "Stadium"- muito do meu agrado.
 Recordo bem esses tempos, até que surgiu a vida militar, como miliciano- em Lisboa, Évora e Coimbra- com passagem por manobras em S.ta Margarida.
Depois, o meu Curso na E.M.P. de Évora e o exercício de funções docentes em Portalegre e em Lisboa, com o natural distanciamento físico da minha querida aldeia e de muitos dos meus familiares e amigos, que jamais esquecerei.
Filiei-me no ano de 1959, sendo hoje o sócio cinquentenário do Sporting, com a responsabilidade de dirigir o Departamento de Cultura e Recreio- com atividades culturais poético/musicais, Tertúlia “Canto e Poesia” e a que pertence, também, o Coro Polifónico.
 Obtive o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, tendo trabalhado como docente, também, na Telescola e Administração Geral do Porto de Lisboa.
Atualmente-  aposentado- tenho como hobbies o Desenho, a Poesia, a Música e o Canto e integro Tertúlias Poéticas em Lisboa e Portalegre.
Volto sempre que posso à minha terra (menos vezes que as que desejaria) mas já não tenho a alegria de ver muitos dos meus familiares e outros meus verdadeiros amigos e companheiros de infância e juventude.
É a lei da vida! Só nos levam dianteira. Ainda nos encontraremos?

Quinta da Piedade, 4 de março de 2013
JGRBranquinho





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