SEM UM
PLANO
Pegou na caneta sem saber o que iria escrever!
Não tinha qualquer plano!
Não tinha pensado no que poderia escrever!
Tinha, isso sim, a habitual vontade de escrever sobre
qualquer coisa, que esperava a cada instante lhe viesse a acudir à mente.
Interrogou-se, inclusive, sobre se naquele dia valeria a
pena insistir.
Estaria louco? Sem um plano previamente delineado, o que
estava ali a fazer, ou melhor, a tentar fazer?!
Olhou para o papel, mirou a caneta, deu voltas ao
pensamento. Parecia, até, um pouco cansado. A hora também não seria a mais
indicada ( 23.45h ) embora isso não constituísse o maior problema já que, habitualmente,
se deitava muito tarde, entrando mesmo, pela madrugada!
Interrogou-se de novo:- – Escrever o quê, para quê e para
quem?! Divagar, inventar, repetir-se?! O que lhe provocava este estado de
espírito?! O que o levaria a pegar na caneta sem, “à priori” ter um motivo, uma
razão plausível?!
Refletiu, refletiu, e… era escusado! Hoje não dava para
alinhavar, sequer, umas breves linhas!
Nisto, surge um telefonema! Era alguém que àquela hora
também estava sozinha e, pedindo desculpa pela hora tardia, se apresentou,
embora isso não fosse preciso, dado o timbre de voz que lhe era familiar.
As palavras soaram como uma tábua de salvação! Justificada a
chamada, entabularam uma agradável conversação e…palavra puxa palavra… chegaram
à poesia- à bem-amada POESIA! A noite estava, agora, a ser bem aproveitada, até
pela leitura de alguns poemas, por ambos.
Riram, divertiram-se, comentaram situações do dia a dia,
envolvendo-se mutuamente por sentimentos comuns.
Combinaram um encontro para breve e cada um levaria um
livro, numa troca poética, já que seriam livros de poemas.
Ora aqui está como tudo se modifica num instante:- Um simples
telefonema!
Não estivesse ele acordado e à espera de alguma coisa que
não sabia, que desconhecia, e não teria recebido aquela chamada que lhe
proporcionou um serão agradável, com a perspetiva de um próximo encontro,
também esperado agradável.
As frases trocadas naquela noite eram propiciadoras de um ótimo
estado de espírito que conduziria a uma noite bem dormida, com os sonhos
adequados, embora algo exaltados!... Porque não?
Quinta da Piedade, 15 de Abril de 2013
JGRBranquinho
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