“CARTAS DE AMOR”
(segundo Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa )
(segundo Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa )
“Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não
fossem ridículas.
As cartas de amor, se há amor, têm
que ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas que
nunca escreveram cartas de amor
Eu escrevi, escrevo e escreverei
cartas de amor ridículas,
correndo embora o risco de ser
ridículo e, simultaneamente,
não o ser, pelo menos, a meus olhos!
Continuarei a ser ridículo por
vontade própria e assim ser considerado,
provavelmente, aos olhos dos que
nunca escreveram cartas de amor.
Continuarei a escrever cartas de amor,
em verso ou prosa, sem receio
de ser ridículo.
Que me importa? Quem não as escreveu
que me atire a primeira pedra.
Mal dos que nunca tiveram a
possibilidade de escrever cartas de amor ridículas!
Se ainda forem a tempo (‘mais vale
tarde… que nunca’!) escrevam-nas.
Não tenham receio de ser ridículos!
Escrevam cartas de amor!
Quinta da Piedade, 11 de janeiro de
2015
JGRBranquinho
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