REMEMORANDO DISTANTE
UMA NOITE À LAREIRA
Como eram
interessantes e muitas vezes também divertidas aquelas conversas entre mim e os
meus pais (por vezes também com a minha avó materna) onde não faltavam as mais
bonitas “estórias” à volta da lareira bem acesa, como convinha nessas longas
noites de inverno algo rigoroso, na casa que ainda hoje mantenho- a casa em que
nasci. Até o jantar, (quantas vezes com a mesa deslocada para esse recanto de
conforto) ali era servido.
A propósito, lembro
que o jantar era relativamente frugal, constituído, essencialmente, por uma boa sopa. Dizia-se “que das boas ceias
estão a sepulturas cheias” e havia o cuidado de não ingerir comidas muito
fortes à noite, o que ainda hoje é reconhecido como uma boa medida. Portanto,
não estávamos no “século das luzes apagadas”…
Bem dispostos, ali ficávamos
colocando no lume, de vez em quando, mais uma pequena acha de azinho ou
castanho, desfrutando do seu calor até altas horas da noite! Para meu encanto,
isto acontecia mais vezes nas noites de sábado, visto não ter que me levantar
tão cedo no domingo por não ser dia de escola- ao princípio no meu amado Monte
Carvalho e depois na cidade de Portalegre na Escola Industrial Fradêsso da
Silveira e Liceu Mouzinho da Silveira.
Eram, também, as
noites do magusto de que os meus pais se encarregavam a princípio, visto que eu
era ainda muito novo. Mais tarde até fazíamos campeonatos entre os três para
ver quem conseguia assar melhor, isto é, para ver quem tinha menos castanhas
queimadas, com uma nota bastante divertida que era jogarmos “os pares ou
nunes”com o intuito de ganharmos mais algumas ao parceiro.
Era uma alegria- uma
enorme satisfação- pois era a altura em que podíamos estar juntos, terminadas
as tarefas diárias de cada um. Todo esse encanto bem divertido, devo aos meus
queridos e saudosos pais.
Éramos um trio
fortemente unido e abençoado, quase três pessoas numa só, infinitamente
distantes, claro, da ”Santíssima Trindade”!
Chegava a hora de ir “à
deita” e então, bem quentinhos, adormecíamos na ‘santa paz do Senhor’, não
esquecendo, por isso mesmo, como agradecimento, uma oração dirigida a DEUS.
Quinta da Piedade, 24
de janeiro de 2015
JGRBranquinho
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