sábado, 14 de março de 2015

BENDITO É O AMOR




Depois de passos inquietos, inseguros… o encontro desejado pelos sentidos!
O calor de doces beijos proibidos, a vida adoçaram a seres tão puros.
Perseguiram-nos! Proibiram-nos! Foram cruéis! Tinham idade de quase adolescentes, mas não o eram ainda. Apaixonaram-se seriamente depois de um breve e ocasional encontro numa tarde linda, muito calma, do mês de outubro, em pleno outono. Estiveram algum tempo sem se ver (viviam em sítios algo distantes) mas não mais se esqueceram!
Volvidos tempos, ele (depois de colher algumas informações) foi procurá-la à terra onde ela vivia, atitude algo arriscada para a época, pois os rapazes dos sítios não toleravam que as raparigas dessem atenção aos de fora- os malfadados forasteiros. Era uma dura realidade, comprovada diversas vezes em casos de muita violência. Os bailes (havia muitos nas redondezas) ou outras ocasiões de festas, eram o motivo maior para ajuntamentos e confraternização da juventude e davam, repetidas vezes, aso a zaragatas entre a rapaziada já bem bebida, tendo-se que recorrer à guarda republicana para apaziguar os ânimos. Era assim e todo o cuidado era pouco.
Ora o nosso rapaz cometeu a imprudência (razão da sua paixão e, também da pouca idade)  de se deslocar sozinho à procura da moça/motivo do seu amoroso interesse e, lá foi!
Chegado, entrou numa taberna quase café, e por ali se manteve na esperança de que algo pudesse vir a saber, mas, também, não sabendo bem, como, visto que não conhecia ali ninguém.
Deu uma volta de bicicleta e, por sorte sua, só um rapaz se lhe dirigiu pedindo-lhe se o deixava dar uma voltinha, ao que ele acedeu. Naturalmente, porque era um pacato dia de trabalho, não havia por ali muita gente e a coisa não estava a correr mal…
Lembrou-se, então, de se aproximar duma moradia (vira lá umas raparigas à porta) sempre exibindo a sua bela bicicleta vermelha. Meteu conversa dizendo que andava a estudar e, como estava em férias, viera dar uma volta, sempre receando dizer o motivo da sua presença naquela pequena aldeia.
A tarde avançava e eis que, para sua admiração e enorme contentamento, vê aproximar-se a moça dos seus sonhos, pegando na mão de um miúdo muito novinho, que, por sinal, era um irmão dela, como depois veio a saber.
Cumprimentou-a, falaram um pouco e, quanto à sua presença, justificou-a pela vontade de dar uma volta e conhecer terras dessa zona, pois nunca ali estivera.
Ela disse que vinha visitar uns familiares, que morava perto dali e pouco se poderia demorar.
Deu por ali mais umas voltinhas, esperando que ela voltasse.
Assim foi e vieram os três a pé, até perto da casa dela, conversando- algo nervosos- sobre coisas quase sem sentido para aquilo que queriam, e ele, especialmente, desejava dizer. Santíssimo acanhamento! Santíssimo acanhamento!
Despediram-se e ele ficou ali algum tempo a vê-la afastar-se (levando pela mão o irmãozito) tendo, ainda, a alegria de um adeus, já ao longe.
Ficou, ao menos, a saber um pouco mais dela. Agora, sentia mesmo que a amava deveras. Estava verdadeiramente apaixonado! E ela?
Pouco tempo depois já namoravam, embora nunca em sossego! Foram três anos de proibições  que findaram com ameaças insuportáveis, mas que resultaram só aparentemente, pois continuaram a amar-se pela vida fora, embora a princípio de um modo pouco usual, por culpa exclusiva da família.
Um dia, já adultos, resolveram assumir e ninguém se pôde opor! Saíram dali e foram felizes.
Podem contrariar o Amor, mas nunca impedi-lo!
AH!  O AMOR E A SUA FORÇA! BENDITO É O AMOR! SEMPRE SERÁ BENDITO!

Quinta da Piedade, 14 de março de 2015
JGRBranquinho   -   “Zé do Monte”





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