NOITE DE TEMPESTADE
Agitam-se as árvores!
Curvam-se perante a tempestade, tremendo de frio, tremendo de medo, sacudidas
pela feroz ventania que se faz sentir neste anoitecer tempestuoso de uma invernia
jamais desejada por alguém.
As pobres aves,
esvoaçando neste quase lusco-fusco, procuram, assustadas, seus melhores
abrigos, num receio instintivo que lhes dá a noção do perigo duma noite escura
que está prestes a chegar.
Voltamos a casa-
local do nosso mui amado conforto- depois dum dia de trabalho e lembramos os
inúmeros indigentes dispersos pela cidade; desgraçados que, sem abrigo, terão
que suportar as dificuldades do temporal que se avizinha nesta medonha noite de
trevas.
Aguardamos todos o
nascer de um novo dia! Um rápido alvorecer, na fagueira expetativa- risonha esperança-
dum sol amigo, sob o qual toda a vida pulsa.
Todos sabemos que tanto
o bom como o mau tempo se alternam na Natureza. No entanto, nenhum de nós gosta
do segundo pelas mais diversas razões, como o desconforto que nos traz e,
principalmente, pelos estragos que causa. A chuva e o vento são necessários-
todos o sabemos. No entanto, nunca em excesso! Dispensamo-lo bem. Mas como
evitá-lo não é possível…
Como se diz na gíria,
queríamos, sim, “ Sol na eira e água no nabal”, mas é assim a Natureza e há que
procurar os meios para nos defendermos, o melhor que pudermos, das intempéries que de vez em quando nos assolam o que, nos
dias de hoje, já vai sendo menos grave, dada a informação atempada que os
serviços da meteorologia nos vão dando.
Nem sempre resulta
como desejaríamos, mas sempre ajuda alguma coisa.
Voltando aos sem-abrigo,
que pena não dispormos de meios mais eficientes para lhes acudir!
Claro que o ideal
seria que nem chegassem a essa triste situação, mas, infelizmente, por enquanto,
ainda é preciso remediar ou tentar remediar, porque não houve uma efetiva ação
preventiva que julgo seria possível se todos trabalhassem nesse sentido.
Tanto se gasta, a
nível oficial como particular, em ações sem tino, coisas que nem contribuem
para o real bem-estar das populações, mas sob a capa do divertimento e
distração, que, dizem, também fazem falta. Sim, mas primeiro que tudo, está a assistência
social, atuando aqui e ali, de modo a não termos que deparar com este
espetáculo- tristíssimo espetáculo- que prejudica o nosso país e a sua imagem
dentro e fora.
É também a saúde
pública que está posta em causa, como facilmente se conclui. Isso não conta?! Alguns
desses homens (e também mulheres) ainda poderiam ser úteis no exercício das
profissões que exerceram; outros aprenderiam em ações de formação adrede
criadas a nível oficial e/ou particular, proporcionando-lhes meios de
subsistência condignos, não sendo mais um peso na nossa sociedade!
Integrando-os a bem do bem comum, o que, com cuidadoso estudo e sensibilidade, não
seria impossível de conseguir.
Quanto melhoraria o
nosso país! Era um investimento que só traria benefícios para todos e que, cada
um dos que me lerem, julgo poderão acrescentar algo mais do que aqui deixo
resumidamente para a solução deste problema gravíssimo que nos aflige dia a dia.
Quinta da Piedade, 17
de março de 2015 - JGRBranquinho
- “Zé do Monte”
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