sábado, 28 de fevereiro de 2015

VI-TE E VIVI



VI-TE E VIVI

Vi desenhar-se
o teu nome neste rio!
Vi- linda mulher-
a tua imagem refletida.
Vi como és bela
senhora da minha vida
Vi-te ali horas sem fim
horas a fio.

Vi-te encantado
emergindo destas águas
Sorrindo para mim
meu Amor, minha lida!
Vi como és bela
mulher- musa querida
Deixei ali, pra sempre,
as minhas mágoas.

Vivi ali momentos tais,
momentos de ouro
Que jamais hei de esquecer
enquanto viva!
Reconheci-te ali mais uma vez,
minha terna diva!
Meu imaculado Amor
meu maior tesouro.

Quinta da Piedade, 28 de fevereiro de 2015
JGRBranquinho  -   “Zé do Monte”

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

AO CANTO DOS PASSARINHOS



AO CANTO DOS PASSARINHOS

Já cantam no campo
 os alegres passarinhos!
Trabalhando na feitura
 de seus ninhos
anunciam contentes
a doce Primavera.
É um gosto ouvi-los-
-orquestra de mor valia!
Trazem à Terra/Mãe
 renovada alegria
Por eles é devida
 nossa admiração sincera.

Cantam, sem cessar,
 gorjeios inigualáveis!
De ramo em ramo,
 vejo-os muito ágeis.
Escuto-os com total agrado,
 reconhecido.
Amiguinhos que alegrais
 meus tristes dias
O meu obrigado
por tamanhas alegrias
ao vosso atento e humilde
poeta agradecido.

Quinta da Piedade, 27 de fevereiro de 2015
JGRBranquinho



quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O MELHOR TEMPO DA MINHA VIDA

 

Vivi no campo os melhores anos da minha vida! Ali nasci e cresci na Santa Paz do Senhor.
Ali aprendi as primeiras letras e também a amar e a respeitar as pessoas da minha família, assim como os meus vizinhos mais idosos. Com todos eles aprendi as regras da boa educação, numa convivência sã que verdadeiramente muito contribuiu para a minha formação, a par dos ensinamentos  recebidos na Escola.
Reconheço hoje, com  muito agrado, quanto foi bom para mim poder usufruir desse bom ambiente num meio pequeno onde nos conhecíamos bem e a amizade estava presente, considerando-nos quase como uma única família.
Os meus amigos de infância eram como meus irmãos, talvez até porque sendo filho único, mais facilmente assim os considerava. Partilhávamos os mesmos lugares, as mesmas brincadeiras, tínhamos interesses comuns.
Quando dali saí para a cidade para continuar os estudos (só um deles me acompanhou) senti imensamente essa falta, a ponto de, mal terminavam as aulas, correr logo para o meu Monte Carvalho! Só com eles me sentia bem e não conseguia fazer amigos na cidade. Aqueles, sim, os que ficaram a aprender as profissões dos pais ou a ajudarem nos trabalhos do campo, mantendo-se na aldeia, eram os meus verdadeiros amigos.
Quantas vezes, na pensão onde estava hospedado, aleguei com falsas razões, a necessidade de ter que ir a casa, só para voltar, por uma tarde ou noite, ao convívio deles.
Aos poucos, lá me fui habituando à vida da cidade e a conseguir novos amigos, nunca esquecendo os da minha criação.  
A minha vida era agora outra, com novas espetativas, mas, sempre que podia, lá estava eu ao lado deles, tendo mesmo formado um clube de futebol- "O Sporting Clube Ribeirense" cujo campo era o largo da aldeia com algumas pedras onde tropeçávamos e buracos onde nos estendíamos ao comprido com as repetidas e "agradáveis" mazelas como recordação dessas disputadas e alegres jogatanas.
Naturalmente, que também tínhamos as nossas zangas, mas tudo sem importância de maior, tudo se esquecia e ultrapassava depressa,  comparado com as alegrias que juntos desfrutávamos.
Belos tempos esses- os da Infância e juventude- sem preocupações que nos tirassem o sono! Isso seria muito mais tarde, então já com outra idade e as consequentes responsabilidades que iamos tendo na vida.
Termino este breve apontamento, manifestando o meu reconhecimento a Deus, a meus saudosos pais e demais familiares, à minha pensionista D. Maria da Assunção  Caldeira Carvalho Alvim da Vaza Gonçalves, a todos os meus inesquecíveis amigos- novos e velhos- do Monte Carvalho e aos professores que pacientemente me ensinaram.
A todos, a minha enorme gratidão, estejam onde estiverem.

Quinta da Piedade, 25 de fevereiro de 2015
JGRBranquinho

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

OS ANTIGOS FEIRANTES






Sempre me interessou a atividade destes homens! Era a sua vida de todos os dias e deslocavam-se nos meios de transporte que possuíam- carroças puxadas por burros, machos, mulas e cavalos- aos locais onde havia feiras. Sabiam de cor as datas e lá iam, escolhendo, entre as que se realizavam no mesmo dia, aquelas que por experiência de outros anos, lhe pareciam melhores para o seu ramo de negócio.
Constituíam autênticas caravanas através das estradas, parando aqui e ali para descanso dos animais e seu próprio, nas estalagens que existiam em quase todas as terras do País.
Era um modo de vida algo difícil- é verdade- mas era o seu trabalho; lá iam vivendo e quase não paravam durante todo o ano. As refeições (numa mistura de cheiros apetecíveis) eram confecionadas pelas mulheres, junto das barracas de venda, que cada qual armava à sua maneira, mas sempre muito cuidadas, muito atraentes, com toda a gama de quinquilharia, especialmente brinquedos, que faziam as delícias da criançada.
.Ali dormiam- só lá pela madrugada, claro- isto é, depois das pessoas abandonarem esses locais que eram simultaneamente festa e feira, especialmente no Alentejo- as que eu melhor conheci e com a particularidade de haver sempre lindíssimo fogo de artifício como atração, fazendo o encanto de novos e velhos.

Havia também:
- As da loiça, também muito procuradas, pois além de venderem mais em conta, tinham uma grande variedade, inclusive com loiça regional alentejana.
 - As barracas “de comes e bebes”-típicas tabernas ambulantes- sempre muito frequentadas e até muito úteis para quem passava os dias de feira fora de casa, divertindo-se e/ou fazendo as suas compras.
- As de “torrão branco de Alicante” e outros doces, bem como as “da massa frita”- as célebres farturas- ainda hoje bem conhecidas e apreciadas.
- As de roupa (hoje até mais habituais) e as do tiro ao alvo com o apoio simpático de bonitas raparigas, o que tornava esse passatempo muito apreciado pelo género masculino.  
- As dos espelhos- que reproduziam as nossas imagens deturpadas e nos faziam rir a bandeiras despregadas e, até as “de terror” e “comboios fantasmas”, também muito procuradas por pessoas que gostavam de emoções fortes.
- As dos artísticos cestos de vime, muito apreciados e úteis nesses tempos, pois pode-se dizer   que não havia casa que os não tivesse, exibindo-os as mulheres com todo o prazer quando saiam às compras.
A par desta variedade, lá estavam sempre os circos e os carrocéis, na verdade os reis do divertimento.
Quanto a outros feirantes, destaque, também, para os vendedores de frutas do Alentejo e os de cabazes, escadas e aguilhadas de madeira de castanho, vindos principalmente da freguesia de Ribeira de Nisa, que fica a cerca de cinco quilómetros de Portalegre.
Lembro, também, a presença dos denominados “vendedores da banha de cobra” com a promessa da cura milagrosa das mais variadas doenças e, ainda,  a dos vendedores das mantas de Minde, que constituíam um verdadeiro espetáculo no modo como abordavam as pessoas, quase as obrigando a comprar, mas com uma graça muito peculiar, pondo em evidência o seu tradicional calão minderico.
Enfim, recordações de tal modo agradáveis que os mais velhos, por certo, também ainda lembrarão, que eram de grande utilidade para todos (vendedores e compradores) que perdurarão para sempre na minha memória, e gostaria que os mais novos tivessem ter podido vivenciar, pois embora ainda continuem, as feiras de hoje em dia não têm o encanto e o tipicismo das de outrora.
Quinta da Piedade, 24 de fevereiro de 2015
JGRBranquinho  -  “Zé do Monte”