A FESTA/FEIRA DE S. MATEUS DE ELVAS
Era o mês de setembro
e aproximava-se o dia 20- dia da Festa e Feira de S. Mateus na vizinha cidade
de Elvas, e que ia até ao dia 25 do mesmo mês.
Começavam ali os
preparativos para a maior e mais bonita das festas do meu Alentejo, também com
a procissão em honra do Senhor Jesus da Piedade, o que atraía, também, grande
número de fiéis católicos.
As duas- Festa e
Feira- congregavam milhares de pessoas que para ali se dirigiam nesses dias a
que se juntava grande número de feirantes dos mais diversos ramos de negócio,
com as típicas barracas, cujo recheio constituía a alegria e a tentação das
crianças, por motivo dos brinquedos que conseguiam obter dos pais,
evidentemente.
Também contribuíam para a animação deste
importante evento, os muitos ciganos que na altura tinham como único negócio a
venda de muares que adquiriam por baixo preço- dada a fraca qualidade que esses
animais tinham, também mercê da idade - a outros negociantes de gado- os “marchantes”-
e aos próprios lavradores da região.
Meus pais nunca
faltavam a esta grande Festa/Feira! Desde os meus primeiros anos que com eles
nunca faltei, até porque tendo família na cidade- as tias Mariana e Perpétua- tínhamos
onde ficar e, muito bem instalados.
Confesso que, vivendo
na minha aldeia- Ribeira de Nisa/Monte Carvalho, muito perto de Portalegre- mas
a cinquenta quilómetros de Elvas, para mim e para os daquela região no Norte
Alentejano, ir ao S. Mateus era razão do nosso maior e mais justificado
contentamento.
Era verdadeiramente
impressionante o movimento e a beleza do desfile dos trens a charretes- rica e artisticamente
ajaezados- em que os lavradores se deslocavam, causando a admiração de todos!
Outra grande contribuição
festiva era dada pelo povo da vizinha vila de Campo Maior, com as suas alegres danças e cantares, todos os anos
renovados! Levavam sempre uma moda nova- as célebres “saias” que faziam gala de
cantar afinadamente.
Gozando da
proximidade de Badajoz, tambéma animação festiva e comercial era de realçar com
a vinda de muitos dos “nuestros hermanos” .
Naturalmente que,
para mim, era um verdadeiro delírio ir a esta Feira/Festa, que era mesmo a mais
importante a concorrida do Alentejo, isto nos anos quarenta… cinquenta. Infelizmente,
agora já não será bem assim, o que me
deixa muita pena.
Hoje recordo-a com
imensa saudade, por todas as razões que facilmente podeis calcular, até mesmo
por estes aspetos que aqui menciono e jamais esquecerei, por muitos mais anos
que eu viva.
Quero voltar em breve-
próximo setembro- mas receio que apesar de continuar a ser importante, me venha
a desiludir. Oxalá que só um pouco.
JGRBranquinho--- “Zé
do Monte”
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