UM ADEUS
Foi numa tarde de chuva miudinha que, naquele jardim da
cidade, dissemos adeus.
Eu ia partir e tu ficavas triste, como triste eu partia naquele
dia escuro e frio.
Há muito que era por ambos sabido que esse dia ia acontecer
na nossa vida, no entanto, só nesse momento é que acreditámos mesmo. Havia a
ideia de que isso podia acontecer, mas, simultaneamente, uma secreta esperança
de que vindo ainda longe (quem sabe) tudo se alterasse ainda, para nossa
alegria- jovens namorados.
Tinha acontecido há dois anos uma separação por motivo da
vida militar e, agora esta por motivo da continuação dos meus estudos noutra
cidade.
O que dissemos, pouco importa, mas facilmente se calcula, sem
que tudo isso nos acalmasse, pois nos amávamos verdadeiramente e ambos
receávamos o futuro por variadas razões, como também é próprio dos amantes, que, preocupados,
“adivinham” sempre as situações mais disparatadas, tendentes a prejudicar a relação. Tudo, porque amando, nunca existem
certezas! Por mais que se confie, há sempre a dúvida a atormentar-nos a vida.
No amor entre um homem e uma mulher, por mais que se diga,
existe sempre alguma insegurança, uma pontinha de incerteza; muito, também, pelo que a vida nos
ensina, tomando conhecimento de casos que, dia a dia, vamos vivenciando.
Frequentemente vamos
ouvindo:-“as coisas não acontecem só aos outros”, “ há que estar de pé atrás”, “nunca
fiando”, “ quem vê caras não vê corações”… e outras expressões do nosso povo,
sempre baseadas em situações reais, onde parecia estar tudo muito certinho e…
de repente… deu-se o desastre amoroso onde as juras de amor foram por água abaixo
e tudo se desmoronou.
Volto a falar-te nesta despedida, pensando que ao leres este
meu pequeno escrito, te recordes do que sentimos então, embora sem o revelarmos
abertamente, mas, na verdade, as nossas certezas não eram assim tantas…
Aliás, eu creio estar certo ao afirmar que no amor nunca há
certezas!
Ama-se muito e é próprio da nossa maneira de ser, do nosso
sentir (talvez até com alguma dose de egoísmo) este raciocínio. É o nosso ser
amado, é nosso, e tememos perdê-lo para outro. Uma inquietação constante por
mais que acreditemos na pessoa amada.
Cá espero a tua resposta para eu poder confirmar se também foi isto o que sentiste, ou não.
Adeus, meu Amor!
Recebe um beijo deste que te ama cada dia mais.
"Zé do Monte"
NOTA:- Texto revisto muito mais tarde em Monte Carvalho.
JGRBranquinho
Cá espero a tua resposta para eu poder confirmar se também foi isto o que sentiste, ou não.
Adeus, meu Amor!
Recebe um beijo deste que te ama cada dia mais.
"Zé do Monte"
NOTA:- Texto revisto muito mais tarde em Monte Carvalho.
JGRBranquinho
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